Compilação baseada no Cap.4 – Estudo na Parábola, Livro: estante da Vida, Humberto de Campos e Chico Xavier, FEB, 1969.
Tema Principal – Versão Moderna da Parábola dos Talentos
Devido a necessidade da divulgação da Doutrina Espírita, o Rabi Zoar Ben Ozias, notável orientador Israelita, dedicado às verdades do Evangelho no mundo espiritual, resolve parafrasear a Parábola dos Talentos, dando-lhe uma versão mais voltada as realidades espirituais atuais.
Meus amigos, assim inicia o Rabi Judeu, o Governador Planetário, Jesus, partindo para visitar outros Mundos, chama a três Discípulos, em espíritos (desencarnados), de sua confiança e lhes confia alguns Bens Espirituais, a título de empréstimo, participando-lhes que os reencontraria para acertos futuros na Vida Superior, assim que regressasse da viagem interplanetária e eles da viagem à carne.
Ao primeiro transmitiu o Dinheiro, o Poder, o Conforto, a Habilidade e o Prestígio; ao segundo concedeu a Inteligência e a Autoridade, e ao terceiro entregou o Conhecimento Espírita.
Após o regresso do Divino Mestre, os três servidores assustados e vacilantes, já desencarnados, comparecem diante de sua presença, para a prestação de contas necessárias.
O primeiro, que recebeu cinco Dons, se apresenta e faz um balanço de seus atos, comentando que apesar de alguns erros e de não ter conseguido realizar totalmente a vontade do Mestre, que determina o Bem para todos os irmãos em humanidade, conseguiu multiplicar os talentos:
- Com o Dinheiro gerou o Trabalho
- Através do Poder conseguiu o Progresso
- Com o Conforto obteve a Amizade
- Via a Habilidade conseguiu a Esperança
- Com o Prestígio obteve a Gratidão
O Senhor então lhe consola, afirmando-lhe que não errou por intenção, porém lhe ordena que volte para as vestes carnais (nova reencarnação), sob o amparo das afeições que ajuntou, retomando a obra interrompida na Terra.
O segundo, que recebeu dois Dons, se apresenta e pede desculpas pela suas limitações, comentando que apesar de não compreender claramente os desígnios do Mestre para o bem coletivo dos irmãos em humanidade e de ter feito, também como o primeiro Discípulo, alguns erros, conseguiu multiplicar os talentos:
- Com a Inteligência conseguiu a Cultura
- Através da Autoridade imprimiu a Autoridade
O Excelso Benfeitor o perdoa dos erros cometidos, por saber que os cometeu devido a própria ignorância, porém lhe ordena, assim como tinha feito com o primeiro Discípulo, que volte para as vestes carnais (nova reencarnação), sob o amparo das afeições que ajuntou, retomando a obra interrompida na Terra.
Finalmente o terceiro Discípulo se apresenta diante do Divino Mestre, devolvendo-lhe o Conhecimento Espírita, intacto e puro, tal como o recebeu das mãos do Mestre. Tenta se justificar dizendo que o Conhecimento Espírita é Luz, e que com esta Luz aprendeu que as Leis Divinas são muito duras, pois atribui a cada um de conformidade com as próprias obras. Como utilizar esta lâmpada, brilhante e viva, se os homens não estão preparados para a ver, pois estão embebidos em pesadelos de invejas e de ciúmes, de crueldade e de ilusões? Como empregar o clarão das tuas verdades sem ferir ou incomodar? Como não incomodar ou ferir, sem trazer consequências negativas para mim próprio? Sabes bem que a sua Verdade entre os homens, cria sempre problemas onde aparece.
Em vista disto, tive medo das Leis Divinas, e julguei como sendo a medida mais razoável para mim, o acomodamento, mantendo-me neutro em minha casa. Deste modo restituo às suas mãos esta riqueza na qual não fiz o mínimo toque de minha parte.
O Sublime Credor, entre austero e triste, ordena que os Anjos Servidores tirem do Discípulo Ocioso, o Conhecimento Espírita, o qual deveria ser entregues integralmente aos outros dois Discípulos, que iriam novamente se reencarnar na Terra. Em seguida fala diretamente a este terceiro Discípulo: Discípulo infiel e ocioso, não existe para a sua negligência outra alternativa que não seja a de recomeçares toda a sua obra pelos mais obscuros entraves do princípio.
A seguir o terceiro Discípulo, pede clemência a Jesus, dizendo-lhe: Senhor, senhor, onde está a sua equidade? Deste aos meus companheiros outros Dons mais fáceis e a mim deste-me apenas o Conhecimento Espírita. Como podes fazer cair sobre mim todo o peso da sua severidade?
O Excelso Benfeitor, entretanto, lhe explicou brandamente: Não desconheces de que lhe atribui a Luz da Verdade, que é o maior de todos os Bens Espirituais. Se os seus companheiros não acertaram completamente, cometendo alguns erros e desvios, é que lhes faltava o discernimento que você poderia ter lhes ensinado, através do exemplo, de que fugiste por medo da responsabilidade de corrigir amando e trabalhar instruindo. Escondendo a riqueza que lhe emprestei, não somente se perdeste pelo temor de sofrer e auxiliar, como também prejudicaste a obra deficitária destes seus irmãos, cujos dias no mundo teriam alcançado maior rendimento no Bem Eterno, se houvessem recebido o quinhão de Amor e Serviço, Humildade e Paciência que lhe negaste.
O terceiro Discípulo, já desesperado ante a sua inevitável punição, roga: Senhor, Senhor, Porquê? Porque tamanho rigor comigo, se a sua Lei é de Misericórdia e Justiça.
Finalmente, os Assessores do Senhor conduzem o Discípulo Ocioso para as “Sombras do Recomeço”, esclarecendo-lhe que as Leis Divinas representam a Misericórdia e a Justiça, mas possuem uma grande diferença: Para os Ignorantes do dever, a Justiça chega pelo Alvará da Misericórdia; mas, para as criaturas conscientes das próprias obrigações, a Misericórdia chega pelo cárcere da Justiça Divina → terá que reaprender o caminho novamente através de reencarnações de dores e expiações, para desenvolver as qualidades que lhe estão faltando. O mergulho do Espírito na carne é sempre uma oportunidade de correção e aprendizado, e nunca de sofrimento sem fim, pois Deus é um Pai de Misericórdia, de Justiça e de Amor, que deseja o constante aperfeiçoamento de seus filhos nos diferentes atributos que lhes são inerentes.
Fonte
Estante da Vida – Humberto de Campos e Chico Xavier – FEB, 1969.
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