Textos Evangélicos Contra a Reencarnação – Uma Visão Espírita

Tema Principal – Ensinamentos Espíritas

I – Introdução

A Reencarnação, que significa que o Espírito desencarna e reencarna várias vezes na Terra, era aceita pela Igreja Católica até o Século VI.

No Concílio de Constantinopla (1), em 553, o conceito de Reencarnação foi substituído pelo conceito de Ressurreição, que significa que após a respectiva desencarnação, este mesmo Espírito voltaria a ter o mesmo corpo físico anterior. Obviamente este último conceito desafia as Leis da Ciência e o bom senso, visto que, a cada roupagem física, o corpo físico se desintegra e vira “Pó”, sem nenhuma possibilidade de aglutinação fisica/química/biológica ↔ como diria Kardec, em (2), que certos tipos de afirmações e Dogmas religiosos agridem o intelecto humano.

Em (1) é citado que este Concílio sofreu uma forte influência do Imperador Justiniano e de sua esposa Teodora, que não admitiam a Reencarnação.

No Cap.15 de (3), o Apóstolo João Evangelista diz a Jesus que a sua Doutrina na Terra vai de mal a pior, desde as distorções feitas nos seus ensinamentos, de pureza e simplicidade, pelos Bispos Romanos, aliados aos poderes do Império Romano, no Concílio de Niceia de 325 ↔ este texto é mais do que claro das distorções nos textos e ensinos dos Evangelhos.

No ano de 313, o Imperador Constantino através do Edito de Milão garante a liberdade de culto para os Cristãos, ao mesmo tempo em que faz uma aliança com os Bispos Romanos, decretando o seu domínio sobre os Bispos das demais Comunidades Cristãs (nesta época ainda não existiam as Igrejas no modelo conhecido atualmente). Estes Bispos Romanos eram da Elite Social e altamente ligados as Cortes Imperiais (4). O Imperador Constantino é que obriga a realização do Concílio de Niceia ↔ os Imperadores Romanos eram quem indicavam os Papas, Bispos e Cardeais, geralmente ligados as Cortes Imperiais, constituindo o Alto Clero da Igreja, provocando um afastamento dos ensinamentos e práticas dos primeiros Cristãos.

João cita ainda (3) que os Bispos Romanos possuem o núcleo de maior expansão da Doutrina Cristã, porém com elevados desvios da Verdade, e que o Vaticano, no qual o Divino Mestre nunca colocou os pés, é um amontoado suntuoso das riquezas das traças e dos vermes da Terra ↔ neste texto o Apóstolo João confirma as distorções nos ensinos e nas práticas dos primeiros Cristãos, além do luxo exagerado nas Igrejas, totalmente contrárias a pobreza e a humildade do Divino Mestre.

II – Citações Evangélicas aparentemente contrárias a Reencarnação

Hebreus 9:27

“Está determinado que os homens morram uma única vez e em seguida venha o Juízo Final”

Em (5) a interpretação correta, considerando-se todo o texto de 9:23 a 28, é que ao se desviar das Leis Divinas (pecado na terminologia clássica) o homem morre para a “Verdadeira Vida” que é a Espiritual.

Porém, ao se converter ao Evangelho de Jesus, em toda a sua plenitude e após uma reforma íntima, o homem adquire a vida eterna, não mais “morrendo” e sim “vivendo” para a verdadeira vida que é a Espiritual, deste modo não precisando de “novas vidas” para esta transição ↔ passagem da Vida Física (Mortos) para a Vida Espiritual (Vivos).

Neste estágio evolutivo, não precisará mais “Reencarnar” e esperará pelo Juízo Final que é a Transição Planetária;

I Coríntios 15

“O texto de 15:1 a 33 fala da Ressurreição de Jesus, que é a passagem da Vida Física (Morte) para a Vida Espiritual (Vida) ↔ Jesus se materializa para os Apóstolos, tal como se encontrava na Vida Espiritual” Em 15:12, Paulo cita a Ressurreição para os homens ↔ mais uma vez, lembrando que a Verdadeira Vida é a Espiritual, a Ressurreição para os homens é a passagem da Vida Física (Mortos) para a Vida Espiritual (Vivos), e não o contrário como poderia ser interpretada → Em 15:21, Paulo cita a “Ressurreição dos Mortos”, isto é, os que passam da Vida Física (Mortos) para a Vida Espiritual (Vivos);

João 1:12

“Nesta passagem o Batista responde que não era um Profeta e sim aquele que vem preparar o caminho do Senhor”

Mesmo um Espírito do calibre do Batista, quando encarnado, perde a lembrança das vidas passadas.

Lucas 23:39 a 43

“Nesta passagem de Mateus, Jesus promete ao malfeitor arrependido, que também estava crucificado, que ainda “hoje” estará comigo no Paraíso”

Em (6), após já ter regressado aos Planos Espirituais, atendendo a uma prece fervorosa feita por Nicodemos que se encontrava no Lago da Galileia, Jesus se materializa na sua frente para lhe esclarecer às suas várias dúvidas. Uma destas dúvidas era porque Jesus tinha prometido o Paraíso a um Malfeitor como citado em Lc 23:43. Jesus então esclarece-lhe que:

Com relação aos infortunados, é necessário que se lhes meça até que ponto terá resistido às tentações e ao infortúnio, para que se lhes defina a dimensão da falta;

Relativamente ao necessitado em questão, foi encaminhado para que possa ser atendido e reeducado em suas necessidades de soerguimento e de transformação↔ como relata André Luiz em (7), o Espírito necessitado de atendimento, após ter se arrependido dos seus erros e de pedir perdão a Deus, é atendido nas Unidades de Socorro e de Tratamento Espiritual para a sua completa recuperação, visando através de futuras Reencarnações, reparar o Mal cometido em Vidas Passadas, para se Redimir, Burilar e Aperfeiçoar.

Ainda sobre Lc 23:43, Emmanuel, no Cap.81 de (4), fala que Jesus aproveita a Lição do Calvário para ensinar a humanidade o verdadeiro conceito sobre o Paraíso, o qual não surge com aparências externas e sim deve ser desenvolvido e consolidado em resplendores eternos no imo do coração.

O “Devedor” que se apresenta com uma volumosa bagagem de débitos em vidas passadas, desde o instante em que se rende aos desígnios do Senhor, aceitando sinceramente o dever da própria Regeneração, através de uma profunda e sincera Reforma Íntima, tomando a sua própria Cruz e subindo ao Monte do seu Calvário pelo próprio esforço e querer, independentemente do “Sono da Indiferença dos Parentes” ou da “Comodidade dos Amigos”, avança para uma Região Espiritual onde o “Jugo é Suave e o Fardo é Leve”(Mt 12 :29). Neste ponto da evolução o “Espírito Endividado” não ficará em falsa atitude beatífica, reconhecendo acima de tudo, que com Jesus o “Sofrimento é Retificação” e as “Cruzes são Claridades Imortais”.

Lucas 15:17 e Lucas 15:29

Na Parábola dos Filho Pródigo e do Filho Egoísta fica claro a misericórdia de Deus.

Contudo existem alguns pontos a se destacar como Emmanuel o faz nos Cap.24 e 157 de (4):

  • Filho Pródigo
    • Resolve sair da Cada do Pai onde tinha tudo em abundância para viver uma vida mundana cheia de excessos de gozos e prazeres;
    • São os dissipadores do Bem, do Saber, do Tempo, da Saúde, das oportunidades recebidas de vidas sucessivas através das várias Reencarnações as quais não as aproveita, etc;
    • Geralmente ao final da vida física experimentam uma enorme angústia de inutilidade e da falta de uma paz íntima, que lhes torturam o Espírito.
  • Filho Egoísta
    • Demonstra uma tremenda ingratidão com o Pai, não aceitando as suas decisões com relação aos irmãos necessitados;
    • Caracterizam-se por serem avarentos ao extremo com demonstrações de sovinice;
    • Cultuam a própria personalidade;
    • São aqueles que ante o bem-estar e a alegria do Próximo, se revoltam e sofrem, através da secura no coração que os aniquilam e do ciúme que os envenenam.
    • Dos dois tipos de filhos, os mais infortunados são os Egoístas, visto que pelo menos o arrependimento e a bênção do remorso já atingiram aos Pródigos ↔ para ambos os filhos, que caíram no erro, a correção chega pelas Leis Divinas através das diferentes Reencarnações, algumas de Dores e de Aflições.

III – Conclusões

Como Jesus afirma no Cap.27 de (8), que além de tomar a própria Cruz e lhe seguir os passos (Mt 16:24), é importante o valor individual do testemunho, nunca deixando de Orar e Vigiar (Mt 26:40 a 41), vigiando o Espírito ao longo do caminho para aproveitar as oportunidades recebidas de Deus, visto que cada criatura sempre terá o instante do próprio testemunho no caminho do calvário da sua própria Redenção.

Emmanuel, nos textos acima, confirma que a Reencarnação é o meio utilizado pela Justiça Divina para a recuperação, aperfeiçoamento e burilamento do Espírito. Sem a Reencarnação no Mundo Físico, o Espírito não consegue progredir e ascender às Esferas Espirituais mais elevadas.

Fontes

1 – Blog Espiritismo

2 – Livro dos Espíritos – Allan Kardec, IDE, 1974

3 – Crônicas de Além-Túmulo – Humberto de Campos e Chico Xavier, FEB, 1937

4 – Pão Nosso – Emmanuel e Chico Xavier, FEB, 1950

5 – Blog- Espiritismo e Evangelho. blogspot

6 – Estante da Vida – Humberto de Campos e Chico Xavier, FEB, 1969

7 – Nosso Lar – André Luiz e Chico Xavier, FEB, 1994

8 – Boa Nova – Humberto de Campos e Chico Xavier, FEB, 1941.

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