Reencarnação – Nicodemos – Pt I

Compilação baseada, de modo resumido, no Cap. 14 – Jesus e Nicodemos / Livro: Boa Nova – Humberto de Campos e Chico Xavier – FEB – 1941.

Tema Principal – Jesus Ensinando: Reencarnação

I – Introdução

Em face dos novos ensinamentos introduzidos por Jesus, um grande número de doutores da lei hebraica não dissimulava o descontentamento com o Divino Mestre. Porém, além dos mais pobres que enxergavam no Senhor um emissário de Deus, existiam alguns intelectuais tomados do mais vivo interesse pelos seus ensinos.

Nicodemos era um destes interessados, e procura Jesus em particular, quando o Mestre se encontrava acompanhado apenas dos apóstolos André e Tiago.

II – A Proclamação da Lei da Reencarnação

Item 4.5 – Parte I do Livro “Evangelho Segundo Espiritismo (EE)” – Reencarnação (O texto deste versículo está enxertado com textos do Cap.14- Lição a Nicodemos do Livro ”Boa Nova”)

Jesus que estava em companhia dos Apóstolos André e Thiago, recebe à noite, a visita de Nicodemos, Doutor da Lei e Mestre entre os Hebreus. Após os cumprimentos iniciais, Nicodemos comenta que o Mestre tinha realmente vindo da parte de Deus, pelos milagres que realizava, tendo o sinal dos Céus em suas mãos.

Nicodemos explica-lhe então o motivo de sua visita: “Mestre, venho usando a minha existência em interpretar as Leis Divinas, porém desejo receber a vossa orientação sobre os recursos que deverei lançar mão para conhecer o Reino de Deus.”

O Divino Mestre Jesus lhe sorri e esclarece: “Nicodemos, em primeiro lugar, não basta que tenhas vivido a interpretar as Leis. Antes de raciocinar sobre as suas disposições, deverias ter-lhe sentido os textos; Mas, em verdade, devo dizer-te que ninguém conhecerá o Reino dos Céus, se não nascer de novo;”

Nicodemos, então profundamente surpreendido com esta orientação de Jesus, interroga o Mestre: “Como pode um homem nascer de novo? Poderá entrar novamente no ventre de sua mãe?”

Jesus, calmamente, fixa os olhos, cheio de paz e de amor, em Nicodemos, ciente da gravidade e da responsabilidade deste assunto em foco, e esclarece “em verdade, reafirmo-te que é necessário que o homem nasça e renasça, para conhecer plenamente a Luz do Reino.”

Nicodemos, perturbado por estas revelações, pergunta-lhe novamente como pode isto acontecer. Jesus, então lhe responde novamente, que apesar de Nicodemos ser Mestre em Israel, se sinta surpreendido. É natural que cada um testifique daquilo que saiba, porém precisamos considerar que tu ensinas sendo Mestre entre os hebreus, e não aceites o meu testemunho. Se sentes dificuldades de entender as coisas terrenas de que lhe falo, como poderás entender as coisas celestiais? Não se pode destinar os alimentos de um adulto ao organismo frágil de uma criança.

Após as despedidas, Nicodemos retira-se cheio de dúvidas sobre o assunto da Reencarnação.

No Cap.40 – Por quê, Senhor, do Livro “Estante da Vida”, Humberto de Campos e Chico Xavier, FEB, 1969, existe um diálogo relatado pelo próprio Instrutor Espiritual Nicodemos. Neste diálogo que ocorre entre Jesus com Nicodemos, logo após a sua ressurreição e aparecimento aos Quinhentos da Galileia, no qual fica claro que este não tinha mais quaisquer tipos de dúvidas sobre o processo da Reencarnação. Neste diálogo, o Mestre recomenda a Nicodemos que deseja a Misericórdia e não o Sacrifício ↔ No Cap.25, Na Hora da Cruz, do Livro “Cartas e Crônicas”, FEB, 1966, é relatado de que Nicodemos se encontrava presente à crucificação do Mestre.

Esclarecimentos de Jesus aos Apóstolos André e Thiago sobre a Reencarnação

• As árvores precisam ser podadas para renascerem. Do mesmo modo, apesar do processo ser diferente, no homem o processo é análogo. A morte do corpo é uma mudança indispensável para que o espírito consiga, através de várias experiências, a imprescindível provisão de luz para a entrada definitiva no Reino de Deus, com toda a perfeição conquistada ao longo de rudes caminhos;
• Tenho ensinado que todo aquele que se transforma em instrumento de escândalo deverá responder (chorar) pelos seus próprios atos. Deste modo, os que utilizaram o corpo físico para o roubo, assassinato, destruição ou abusaram da túnica da riqueza, retornarão como aleijados, paralíticos e/ou mendigos/pobres → Cada alma conduz consigo mesma, o céu ou o inferno que edificou no âmago da consciência. Por isto o espírito rebelde à lei de Deus, que abusou da túnica da riqueza, vestirá na próxima encarnação, a veste dos fâmulos e dos escravos mais humildes, assim como as mãos que feriram podem vir a ser cortadas na próxima encarnação;
• Com o Evangelho, pela Lei do Amor que cobre a multidão dos pecados, compreenderemos que o verdugo e a vítima são dois irmãos, filhos de um mesmo Pai. Basta que ambos sintam isto para que acabem os fantasmas do escândalo e do sofrimento, eliminando de vez a lei do Talião (olho por olho / dente por dente) dos tempos de Moisés;
• Jesus fala aos apóstolos que João Batista era o Elias que deveria ter vindo e que não foi devidamente reconhecido pelos hebreus ↔ segunda comunicação sobre a Reencarnação – Mateus 17.10 a 12 → Item 4.3 Cap.4 / EE
• Promete que enviará o Consolador para esclarecer e dilatar os ensinos proferidos ↔ primeira citação do envio do Consolador / Cap.14 – Boa Nova ↔ vide também o Cap.6 – O Cristo Consolador – Evangelho Segundo o Espiritismo.

Considerações Adicionais de Emmanuel à Reencarnação

Reencarnação – Cap.108 – Caminho, Verdade e Vida

• A reencarnação esclarece as questões do ser, do sofrimento e do destino. Na elevada simbologia de suas palavras Jesus mostra-nos o motivo determinante de renascimentos dolorosos, que pedem semelhantes provas como períodos de refazimento e regeneração indispensáveis para a felicidade porvindoura;

Pergunta 378 – Sobre o motivo da Doutrinação e Evangelização dos Desencarnados nas Reuniões Espíritas – O Consolador

• Grande número de almas desencarnadas nas ilusões da vida física, guardadas quase que integralmente no íntimo, conservam-se, por algum tempo, incapazes de aprender as vibrações do plano espiritual superior, sendo conduzidas as reuniões fraternas do Espiritismo Evangélico, onde, sob as vistas amoráveis desses mesmos mentores, se processam os dispositivos da lei de cooperação e benefícios mútuos, que rege os fenômenos nos dois planos;

Coisas Terrestres e Celestiais – Cap.136 – Caminho, Verdade e Vida

• A grande tarefa do mundo espiritual, em seu mecanismo de relações com os homens encarnados, não é a de trazer conhecimentos sensacionais e extemporâneos, mas a de ensinar a ler os sinais divinos que a vida na terra contém em si mesma, iluminando-lhes a marcha para a vida superior;

Lei do Retorno – Cap.127 – Pão Nosso

• Jesus: os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida, porém os que fizeram o mal irão para a ressurreição da condenação → estas palavras significam que os bons seguem em ascensão justa no rumo da espiritualidade santificadora, ao passo que, aos maus, compete-lhes:
  • A repetição do curso expiatório
  • A volta à lição ou ao remédio

A Palavra de Kardec sobre a Reencarnação

Na continuação do versículo de João 3.5 a 12, Jesus teria respondido a Nicodemos sobre a necessidade do homem nascer e renascer, que se alguém não for gerado da Água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus. O que foi gerado da carne é carne e o que foi gerado do Espírito é Espírito. Não se surpreenda que eu tenha dito que é necessário nascer de novo, pois o Espírito sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem e nem para onde vai. Assim é todo aquele que foi gerado do Espírito.

• Kardec afirma que a frase “se alguém não for gerado da Água e do Espírito” foi inicialmente interpretada no sentido da regeneração pela “Água e pelo Batismo” → esta interpretação interessa, como diz Emmanuel, apenas ao sacerdócio organizado, mas nunca para os espíritos amantes da verdade legítima;
• Kardec afirma que a frase “O que foi gerado da carne é carne e o que foi gerado do Espírito é Espírito” indica claramente que o corpo precede do corpo e que o Espírito é independente do corpo;
• Kardec afirma posteriormente que a frase “se alguém não for gerado da Água e do Espírito” deve ser interpretada em seu sentido real, que é “se o homem não renasce com seu corpo e sua alma não pode entrar no Reino de Deus”;
• Kardec afirma com relação à frase “o Espírito sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem e nem para onde vai”, que a mesma deve ser interpretada em seu sentido real, ou seja, se o Espírito e o corpo fossem criados ao mesmo tempo, se saberia o seu início. Porém, como se analisa da frase, o verdadeiro sentido é que o Espírito é criado independentemente do corpo → esta frase enfatiza, portanto, o Princípio da Pré-existência da alma, ou seja, confirma a Pluralidade das Existências.