Os Orixás sob a Ótica da Umbanda Sagrada e da Umbanda Esotérica – Parte 12

VI – Características dos Orixás na Umbanda Sagrada e na Umbanda Esotérica

VI.8.4 – Linha de Exu

  • Divindade que mais se assemelha aos humanos, pois mescla qualidades boas e ruins. Tem o poder de criar a paz e/ou o caos. É a Divindade da comunicação e do equilíbrio.
  • Como mensageiro dos “Deuses”, Exu tudo sabe, não há segredos para ele, tudo ele ouve e tudo ele transmite. E pode quase tudo, pois conhece todas as receitas, todas as fórmulas, todas as magias.
    • Exu trabalha para todos, não faz distinção entre aqueles a quem deve prestar serviço por imposição de seu cargo, o que inclui todas as Divindades, mais os antepassados e os humanos.
    • Exu não pode ter preferência por este ou aquele. Mas talvez o que o distingue de todos os outros “Deuses” é seu caráter de transformador: Exu é aquele que tem o poder de quebrar a tradição, por as regras em questão, romper a norma e promover a mudança. Não é de se estranhar que seja considerado perigoso e temido, posto que se trata daquele que é o próprio princípio do movimento, que tudo transforma, que não respeita limites e, assim, tudo o que contraria as normas sociais que regulam o cotidiano passa a ser atributo seu.
    • Exu carrega qualificações morais e intelectuais próprias do responsável pela manutenção e funcionamento do status quo, inclusive representando o princípio da continuidade garantida pela sexualidade e reprodução humana.

Resumo

  • Dia da semana: Segunda-feira
  • Chakra atuante: Básico ou sacro
  • Planeta regente: Saturno e Plutão
  • Cor vibratória: Vermelho (totalmente), variando a tonalidade de acordo com sua evolução
  • Cor representativa: Vermelho e preto, branco e preto, preto e amarelo
  • Cor do colar (guia): Vermelho e preto, branco e preto, preto e amarelo
  • Saudação: Aruê-Exu, Arô-Exu ou Laroiê-Exu Negativo.
  • Cor: Vermelho e preto
  • Elementos: Fogo e Terra

Ervas

Abranda fogo, mamona, corredeira, carqueja, unha de gato, arruda, comigo ninguém pode, arrebenta cavalo, azevinho, bardana, picão preto, beladona, cactus, urtiga, cana de açúcar, cansação, pau d’alho, catingueira, figueira preta, garra do diabo, mangueira, folha da fortuna, pau santo, pimenta da costa, pinhão roxo, chorão.

Instrumentos de Culto

Os Pontos Cantados para a Linha de Yori são alegres, de ritmo bastante simples, similar ao de cantigas de roda ou outras canções infantis. As letras são bastante elementares, falam de motivos infantis, como a alegria, a brincadeiras, entre outros.

Oferendas

Fig.44 – Oferendas para Exú

Arquétipos dos Exus

Os Orixás Virginais, que formam a Coroa Divina, permitiram aos Orixás Refletores, que sete pares de cada vibração se consubstanciassem nos Exus Cósmicos. Esses Exus foram responsáveis pela formação do Universo Astral na parte técnica, não na parte intelectiva, pois o protótipo não é deles. Eles deram a formação, executaram, sendo a partir de então os Executores das Leis Divinas. É por esse motivo que Exu é considerado o primeiro Guardião da Magia e executor da Justiça Cármica.

Fig.45 – Imagens para o Exu da Meia-Noite e para o Exu Tranca Ruas das Almas, Guardião da Linha de Esquerda da Tenda de Umbanda Amor e Caridade- Pedralva, MG

Exu traduz as concretizações de cima para baixo, traduzindo esse poder volitivo através de ciclos e ritmos. A força polarizada espiritual consubstanciou-se na vibração original, que deu origem à Roda da Vida.

Exu manipula as energias e os elementos, dos quais os Orixás são senhores, e que são concretizações mais terra a terra de seus poderes criativos. Existia uma energia espiritual que é setenária, e cada uma delas se expressou na energia espiritual masculina e na energia espiritual feminina. Estas geraram uma terceira, chamada Energia Etérica, que é comandada pelo Orixá Yori (Ibeji), Orixá Primaz da Energia Etérica, do nascimento e da morte das energias. É por esse motivo que Yori está muito relacionado com Exu, e é por isso que o velho adágio diz: “O que a Kiumbanda faz qualquer Criança desfaz”. Isto de acordo com a Lei de Ação e Reação, aquilo que se faz e que se desfaz, ou carga-descarga (Roda da Vida).

A Energia criadora é de pura vibração espiritual. Os arcanos maiores expressam isso da seguinte forma: A energia espiritual se bipolarizou e se concretizou na energia mento-masculina e energia mento-feminina. A energia mento-masculina é também chamada energia espiritual, e a energia mento-feminina é chamada energia mental.

Uma é mental abstrata e a outra é mental concreta, relacionando-se com o Corpo Mental Abstrato ou Superior e com o Corpo Mental Inferior respectivamente (sede do raciocínio e de pensamentos mais concretos). As duas em conjunção deram origem à energia etérica, que propiciou a formação de tudo em moldes, porque, antes de existir o físico, existem no mundo astral os correspondentes arquétipos.

Nem todos os planetas têm a parte física, alguns possuem apenas a parte astral. Por esse motivo existem vários planetas que a ciência ainda não identificou e que existem no próprio Sistema Solar, como é o caso do chamado Planetoide e outros que estão em órbita e não se concretizaram.

O Orixá Telúrico existe como intermediário e como concretizador dos idealizadores, que são os Orixás, no mundo das formas físicas e astrais. Exu interfere tanto no mundo físico quanto no astral. No mundo mental, essa interferência fica a cargo dos Orixás que manipulam energias mais sutis, pois tudo se concretiza do éter para baixo. Assim, a encruzilhada(a Roda da Vida, o Ciclo da Vida) é de Exu. Por isso ele é Elegbara, ou Senhor dessas forças. É claro que a força sutil eólica é de Oxóssi, mas concretiza-se através de seu emissário, o Senhor Marabô. O mesmo ocorre com todos os Exus, cada qual em sua vibratória.

Vamos observar isto de forma ideográfica na seguinte ilustração: Os Exus são seres espirituais comuns, podendo até apresentar-se com ‘roupagens fluídicas’ de Seres das raças vermelha, amarela, negra ou branca.

Muitos Exus utilizam-se de imagens fortes, sincréticas, para melhor serem assimilados pelas humanas criaturas. O mesmo acontece com suas vozes, posturas e até vocábulos, mas, como dissemos, é para melhor serem aceitos. Todos os filhos de fé já têm ou fizeram uma imagem mental de Exu; portanto, na maior parte das vezes, falamos e agimos segundo nossas aspirações, e muito lentamente mudamos esses conceitos…

Os Exus são Entidades em evolução, seu trabalho é dirigido, principalmente a defesa dos seus Médiuns e do Terreiro, porém, são muito procurados para resolver os problemas da vida sentimental e material.

Costumam trabalhar com velas, charutos, cigarros, bebidas fortes, punhais em seus pontos riscados, pembas brancas, pretas e vermelhas . Devido ao seu temperamento forte e alegre costumam atrair bastante os consulentes, principalmente pôr que quando falam que vão ajudar certamente o farão.

Os Exus são Espíritos que já encarnaram na Terra. Na sua maioria, tiveram vida difícil como mulheres da vida; boêmios; dançarinas de cabaré, etc, etc… Estes espíritos optaram por prosseguir sua evolução espiritual através da prática de caridade, incorporando nos terreiros de Umbanda.

São muito amigos, quando tratados com respeito e carinho, são desconfiados mas gostam de ser presenteados e sempre lembrados. Estes Espíritos, assim como os Preto-velhos, e crianças, são servidores dos Orixás.

Não se deve confundir os Exus da Umbanda com Exu da Nação (Candomblé), pois são diferentes. Apesar das imagens de Exus, fazerem referência ao “Diabo” medieval (herança do Sincretismo Religioso), eles não devem ser associados a prática do “Mal”, pois como são Servidores dos Orixás, todos tem funções específicas e seguem as ordens de seus “Senhores”, sempre para o Bem e nunca para o Mal.

Dentre várias, duas das principais funções dos Exus são: A abertura dos caminhos e a proteção de Terreiros e Médiuns contra Espíritos perturbadores durante a Gira ou obrigações. Desta forma estes Espíritos não trabalham somente durante a “Gira de Exus” dando consultas, onde resolvem problemas de emprego, pessoal, demanda e etc… de seus Consulentes. Mas também durante as outras Giras (Caboclos, Preto-velhos, Crianças e Orixás), protegendo o Terreiro e os Médiuns, para que a caridade possa ser praticada.

Tipos de Exus

A Linha de Exus, é outra linha independente, assim como Ibeji, engloba-se na Umbanda, através do qual tem se acesso aos planos positivos, por mérito e evolução, conseguidos através do trabalho de atuação comentados acima.

Exú é a Polícia de Choque da Umbanda, é quem cobra na hora e também é quem tem maior ligação com os Seres Encarnados.

Existem três tipos de Exu quanto a Aplicação das Leis Divinas, segundo a “Sociedade Espiritualista Mata Virgem”:

Exus Coroados

São os Exus de Grau mais elevados e que possuem funções de Chefia. São divididos de acordo com a Tab.1 em Exus de Primeiro, Segundo e Terceiro Graus.

1º Grau- Chefe de Legião – 1, 2º Grau- Chefe de Falange – 7 e 3º Grau – Chefe de Sub-Falange

Exu Batizados (Cruzado)

É todo aquele que já conhecem o Bem e o Mal, praticando os dois conscientemente. São os “Capangueiros ou Empregados” dos Exus Coroados, à cujo serviço evoluem na prática do Bem, porém conservando suas características pouco evolutivas, pois necessitam ainda se Reencarnar na Terra.

Atuam entre as Faixas de Luz e das Trevas. Fazem também a “Segurança” dos Terreiros, e podem se incorporar nos Médiuns.

De acordo com a Tab.1 são de 4º Grau – Chefe de Grupamento.

Exu Espadados (Pagões)

São subordinados aos Exus Cruzados, e geralmente trabalham nas Zonas das Trevas, e raramente podem vir para as Regiões de Luz. Não sabem distinguir o Bem do Mal, trabalhando para quem “Pagar Mais” através de Oferendas específicas para tal. Não são confiáveis, pois se pegos, são castigados pelas Falanges do Bem, quando então voltam-se contra quem o mandou.

Como devido as suas “Roupagens Espirituais” conseguem se infiltrarem nas Organizações Trevosas, são muitos utilizados pelos seus Superiores nestes tipos de Missões, além do Resgate de Espíritos que se encontram na posse destas Legiões Trevosas como “Escravos” ou que vão ser libertos das suas “Penas” nas Regiões Umbralinas.

Não podem se incorporar nos Médiuns.

São divididos de acordo com a Tab.1 em Exus de Quinto, Sexto e Sétimo Graus.

5º Grau- Chefe de Coluna, 6º Grau- Chefe de Sub-Coluna, 7º Grau- Integrante de Coluna.

Exus Coroados

1o Grau – Chefe de Legião – 1

2o Grau – Chefe de Falange – 7

3o Grau – Chefe de Sub-Falange – 49

Sub-Total 1 = 57

Exus Cruzados

4o Grau – Chefe de Grupamento – 49 x 7 = 343

Sub-Total 2 = 343

Exus Espadados (Pagões)

5o Grau – Chefe de Coluna – 343 x 7 = 2.401

6o Grau – Chefe de Sub-Coluna – 2.401 x 7 = 16.807

7o Grau – Integrante de Coluna – 16.807 x 7 = 117.649

Sub-Total 3 = 136.857

Total Final = 137.257

Tab.1 – Classificação dos Exus

Os Exús nas Sete Linhas de Umbanda

A Fig.46 ilustra o Diagrama para os Comandos Cruzados dos Exus na Umbanda baseado na Tab.1., os quais podem ser visualizados como cada Exu Cósmico comandando Sete Exus de Primeiro Grau, ou Exus Coroados, que são os Chefes de Legião → 1° Grau — Total de Exus Chefes de Legiões ……1 x 7 x 7 = 49 Exus Chefes de Legião, cujos nomes estão mostrados a seguir baseados na Fg.46. O Exu Coroado que trabalha apenas na Linha do respectivo Exu Cósmico, recebe o mesmo nome do Orixá Cósmico.

  • VIBRAÇÃO ORIGINAL DE ORIXALÁ (OXALÁ) – EXU CÓSMICO DE ORIXALÁ → EXU DAS SETE ENCRUZILHADAS:
    • CHEFES DE LEGIÃO → 1. EXU GUARDIÃO SETE ENCRUZILHADAS 2. EXU GUARDIÃO 7 PEMBAS 3. EXU GUARDIÃO 7 VENTANIAS 4. EXU GUARDIÃO 7 POEIRAS 5. EXU GUARDIÃO 7 CHAVES 6. EXU GUARDIÃO 7 CAPAS 7. EXU GUARDIÃO 7 CRUZES
  • VIBRAÇÃO ORIGINAL DE OGUM – EXU CÓSMICO DE OGUM → EXU TRANCA-RUAS:
    • CHEFES DE LEGIÃO → 1. EXU GUARDIÃO TRANCA-RUAS 2. EXU GUARDIÃO TRANCA-GIRA 3. EXU GUARDIÃO TIRA-TOCO 4. EXU GUARDIÃO TIRA-TEIMAS 5. EXU GUARDIÃO LIMPA-TRILHOS 6. EXU GUARDIÃO VELUDO 7. EXU GUARDIÃO PORTEIRA
  • VIBRAÇÃO ORIGINAL DE OXOSSI – EXU CÓSMICO DE OXOSSI → EXU MARABÔ:
    • CHEFES DE LEGIÃO → 1. EXU GUARDIÃO MARABÔ 2. EXU GUARDIÃO DAS MATAS 3. EXU GUARDIÃO CAMPINA 4. EXU GUARDIÃO CAPA-PRETA 5. EXU GUARDIÃO PEMBA 6. EXU GUARDIÃO LONAN 7. EXU GUARDIÃO BAURU
  • VIBRAÇÃO ORIGINAL DE XANGÔ – EXU CÓSMICO DE XANGÔ → EXU GIRA-MUNDO:
    • CHEFES DE LEGIÃO → 1. EXU GUARDIÃO GIRA-MUNDO 2. EXU GUARDIÃO DA PEDREIRA 3. EXU GUARDIÃO CORCUNDA 4. EXU GUARDIÃO VENTANIA 5. EXU GUARDIÃO MEIA-NOITE 6. EXU GUARDIÃO MANGUEIRA 7. EXU GUARDIÃO QUEBRA-PEDRA
  • VIBRAÇÃO ORIGINAL DE YORIMÁ (ALMAS) – EXU CÓSMICO DE YORIMÁ → EXU CAVEIRA:
    • CHEFES DE LEGIÃO → 1. EXU GUARDIÃO PINGA-FOGO 2. EXU GUARDIÃO BRASA 3. EXU GUARDIÃO COME-FOGO 4. EXU GUARDIÃO ALEBÁ 5. EXU GUARDIÃO BARA 6. EXU GUARDIÃO LODO 7. EXU GUARDIÃO CAVEIRA
  • VIBRAÇÃO ORIGINAL DE YORI (IBEJI) – EXU CÓSMICO DE YORI → TIRIRI:
    • CHEFES DE LEGIÃO → 1. EXU GUARDIÃO TIRIRI 2. EXU GUARDIÃO MIRIM 3. EXU GUARDIÃO TOQUINHO 4. EXU GUARDIÃO GANGA 5. EXU GUARDIÃO LALU 6. EXU GUARDIÃO VELUDINHO DA MEIA-NOITE 7. EXU GUARDIÃO
  • VIBRAÇÃO ORIGINAL DE YEMANJÁ (SENHORAS)- EXU CÓSMICO DE YEMANJÁ → POMBA-GIRA:
    • CHEFES DE FALANGES → 1. EXU GUARDIÃO POMBA-GIRA 2. EXU GUARDIÃO DO MAR 3. EXU GUARDIÃO MARÉ 4. EXU GUARDIÃO MÁ CANGIRA 5. EXU GUARDIÃO CARANGOLA 6. EXU GUARDIÃO GERERÊ 7. EXU GUARDIÃO NANGUÊ

Diálogo entre o Guardião da Meia-Noite e o Guardião dos Sete Portais

O Guardião das Sete Portais bateu o pé esquerdo e o recinto se encheu de Entidades Trevosas, em estados deprimentes e de vários tipos de sofrimentos, que haviam sido Sacerdotes Religiosos quando na carne. Eis aí um exemplo do mau uso do Saber. Eles aprenderam tudo do que precisavam para suas Missões na Terra, mas não seguiram o que pregaram. Usaram do que sabiam em benefício próprio ou para arruinar aos que acreditaram neles. Olhe bem, Guardião da Meia-Noite, e verá que os que se diziam Sábios, Iluminados, Profetas, Grandes Lideres Religiosos ou Grandes Sacerdotes não passavam de otários, idiotas, tolos, imbecis, cegos pedófilos e mal intencionados. Verá entre eles todo tipo de defeito e nenhuma qualidade. Eram “Lobos” uns, pois se aproveitavam e comiam suas ovelhas. Outros eram como Hienas, pois se contentavam em consumir os restos deixados pelos Lobos. Uns e outros hoje choram pelo erro cometido, pela oportunidade perdida e pela Luz não conquis-tada. Viveram do Mundo e não pela difusão da Luz Divina no Mundo. A Lei Divina não os perdoou e os entregou a mim. Eu dou-lhes o que merecem porque sou um Guardião da Lei das Trevas e esta é minha função.

A Lei não iria colocar um Espírito bom e iluminado, como um Anjo, para castigar estes canalhas nem colocaria um Carrasco como eu para premiar aqueles que venceram suas provas. Não! Os Guardiões da Lei na Luz têm uma função como a minha, mas correlata a Luz: Não deixam cair quem se fez por merecer à ascensão. Eu não deixo subir aos que se fizeram por merecer a queda. Eu sou a “Mão” que castiga, a “Outra” é a que acaricia. Eu sou a “Mão” que derruba, a “Outra” a que levanta. Tudo isto “Eu Sou” e ainda assim não sou infeliz, triste, arrependido ou ruim. Não sofro de remorso por castigar aquele que a Lei Divina derrubou, assim como um Guardião da Lei na Luz nada sente ao premiar a quem merecer.

“Eu Sou o que Sou”, um “Guardião das Leis Divinas nas Trevas” e me orgulho disto porque sei que sou necessário à Lei. E tudo isto você também é, ou será se assumir todo o seu passado, resgatá-lo e se sentir feliz em servir às Leis Divinas. Ela o recompensará quando assim quiser, não porque você peça qualquer recompensa pelo seu trabalho, mas porque a serve sem se lamentar por estar nas Trevas, pois “Luz e Trevas são os dois lados do Criador”.

Há os que trabalham durante o dia e dormem à noite, mas também há os que trabalham de noite e dormem durante o dia. Há o fogo para queimar e a água para saciar a sede. Há a terra para germinar e há o ar para oxigenar. Há tantas coisas, e no fim são somente partes do Um. Por isto lhe digo, Guardião da Meia-Noite, há os Anjos e há os Demônios. Os Anjos habitam na Luz e os Demônios nas Trevas. Uns não condenam aos outros, pois sabem que são o que são porque assim quis o Criador.

Aqueles que “Vivem no Meio Físico” é que criam tanta confusão com suas descidas na Carne. Do nosso lado, não há nada disto. Cada um sabe a que lado pertence. E os que não sabem, são os primeiros de quem nos apossamos. Esta é a Lei que nos rege e a todo o resto da Criação. Mais não vou falar, pois precisaria de muito tempo para tal coisa. Espero que possa sair daqui melhor servidor da Lei do que quando chegou.

O Guardião da Meia Noite toma a palavra e se dirige ao Guardião das Sete Portais: Eu agradeço suas palavras, Guardião dos Portais. Pena que eu seja muito pequeno para ajudá-lo, senão eu diria: Se precisar de minha ajuda é só pedir.

O Guardião das Sete Portas lhe responde: Pois ainda lhe digo que a maior das pirâmides não prescinde da menor de suas pedras; a maior das aves de sua menor pena nem o maior teto de sua menor telha; e nem o maior corpo do seu menor dedo. O maior rio não rejeita a menor gota da chuva nem o maior exército ao seu mais fraco soldado. O maior rico é aquele que valoriza o menor dos seus bens. Muito mais eu poderia dizer, mas me satisfaço em dizer-lhe: Obrigado Guardião da Meia-Noite. Se eu precisar de seu auxílio não terei vergonha em lhe pedir, pois por terem vergonha muitos morrem. Morrem por terem desejado algo e não terem provado seu gosto. Vergonha não faz parte do meu vocabulário e a palavra que mais prezo é a que se chama “Respeito”. Aja assim e não será traído nem odiado, mas respeitado. Nem os maiores passarão por cima de você e nem os menores lhe escaparão.

Fonte

Extraído do Livro “O Guardião da Meia Noite” – Editora Madras / Rubens Saraceni – Pai Benedito de Aruanda.

Anexo I – O Programa do Evangelho

I.1 – O Programa do Evangelho

Em instrução aos Apóstolos, o Divino Mestre estabelece o programa para o Evangelho:

– Não tomar os caminhos largos, marcados pelos interesses inferiores, mas sim buscar a estrada difícil e estreita dos sacrifícios pelo bem de todos. Agradar a todos é marchar pelo caminho largo, onde estão as mentiras das convenções humanas. Servir a Deus é tarefa que deve estar acima de tudo e, por vezes, nesse serviço divino, é natural que se desagrade aos mesquinhos interesses humanos;

– Evitar as discussões inúteis e estéreis, que não são aproveitadas na edificação do Reino dos Céus interiormente;

– Buscar as ovelhas desgarradas da Casa do Pai, que se encontram em aflição e voluntariamente desterradas do seu Divino Amor, reunindo todas que possuem o coração angustiado, dizendo-lhes que é chegado o Reino de Deus, através dele, Jesus;

– Trabalhar em curar os doentes;

– Recuperar os que estão mortos nas sombras dos crimes ou das desilusões ingratas do mundo;

– Esclarecer os Espíritos que se encontram nas trevas (através da Mediunidade);

– Dar de graça o que de graça receber (Mediunidade);

– Vestir-se de modo simples, sem adornos luxuosos desnecessários;

– Não ajuntar o supérfluo, pois o operário é digno do seu próprio salário;

– Repartir as benções do Evangelho, com todos aqueles que o desejem e sejam dignos destas benções;

– Ao entrar em uma casa, e se essa merecer as benções da sua dedicação, desça sobre ela a sua paz, caso contrário a mesma retorne ao seu coração;

– Não sendo escutado ou recebido no nome de Jesus, retirar-se e sacudir o pó dos pés, contudo sem nenhum tipo de rancor e sem contaminação das iniquidades alheias;

– Possuir a simplicidade das pombas e a prudência das serpentes, acautelando-se dos homens;

– Prevenir-se dos sentimentos malignos que mergulham o corpo e a alma no inferno da consciência;

– Nos testemunhos, não se preocupar com o que falar, pois serão inspirados pelas palavras do Evangelho;

– Trabalhar pelo Reino de Deus, pois acima de tudo está a vontade do Todo Poderoso, e toda a verdade será mostrada e o bem triunfará;

– Divulgar o Evangelho, colocando-o como objeto das pregações, divulgando-o para todos.

I.2 – Considerações Adicionais de Jesus ao Programa do Evangelho

Durante a visita a casa de Zaqueu, após ser questionado pelos Apóstolos sobre a excessiva atenção que o Divino Mestre estava dando ao mesmo, Jesus esclarece alguns pontos do Programa do Evangelho:

– O Evangelho não veio ao mundo para transformar os homens em mendigos ou ociosos;

– No mundo vivem os que entesouram tesouros na Terra ou nos Céus. Os primeiros escondem suas possibilidades no cofre da ambição, ao passo que os segundos colocam as suas riquezas nos Céus, através de vidas numerosas, constituídas não somente pela parentela direta, mas também através dos auxiliares e empregados, como a continuação da própria família;

– Os segundos sabem empregar os dons sagrados do depósito de Deus, sendo os seus mordomos fiéis à face do mundo;

– São bem aventurados os que consagram as suas possibilidades aos movimentos da vida, cientes de que o mundo é um grande necessitado, e que sabem servir, a Deus com as riquezas que lhes foram confiadas.

Esclarecendo ao Apóstolo Bartolomeu, Jesus afirma que veio ao mundo com a certeza da vitória de sua Doutrina, que é o Evangelho ou Boa Nova, pois vem da parte de Deus, cheio de fortaleza e confiança, para proporcionar um grande júbilo a quantos a receberem no coração. O Evangelho deve florescer, primeiramente, na alma das criaturas, antes de frutificar para os espíritos dos povos.

Jesus continuando a sua explicação para o Apóstolo Bartolomeu, afirma que a vida terrestre é uma estrada pedregosa, que conduz aos braços de Deus. O trabalho é a marcha e a luta comum é a caminhada de cada dia. Na atividade ou no descanso físico, pode-se ter uma boa ação ou uma boa palavra. Contudo, os homens abusam deste ensejo precioso para anteporem a sua vontade imperfeita aos desígnios do Pai, resultando como consequência as mais ásperas jornadas obrigatórias para a retificação das faltas cometidas e muitas vezes de infrutíferos labores. Em vistas destas razões, os viajores da Terra estão sempre desalentados. Na obcecação de sua própria vontade, ferem a fronte nas pedras da estrada, cerram os ouvidos a realidade espiritual, vendam os olhos com a sombra da rebeldia e passam em lágrimas, em desesperadas imprecações e amargurados gemidos, sem enxergarem as fontes cristalinas de luzes que o Pai colocou em todos os aspectos no seu caminho, visando a sua jornada para o alto.

Terminando as conceituações para Bartolomeu, finaliza dizendo que a verdade não exige e sim transforma. Deste modo a Boa Nova não reclama estados especiais de seus Discípulos, porém exige que sejam portadores da alegria, da coragem e da esperança, e que estas características dever ser traços constantes nas suas atividades do dia a dia. Todo Discípulo do Evangelho deve ser semeador da paz e da alegria.

Ao receber Joana de Cusa, uma das mulheres que sempre acompanharam o Mestre em suas pregações ao redor do Lago de Cafarnaum, que estava tendo sérios problemas familiares, pede-lhe que agradeça a Deus por julga-la digna de receber o bom trabalho, pedindo-lhe para ter compreensão e carinho com os seus parentes, pois:

– A maioria das manifestações religiosas no mundo não passam de vícios populares baseados em hábitos exteriores, muitos em Templos de Pedra. Ele, Jesus, vinha trazer o Evangelho para abrir o Templo da Fé Viva no coração dos homens, para se iniciar o combate, sem sangue, da redenção espiritual da humanidade.

– Finalmente, finaliza para Joana de que Deus não extermina seus filhos e sim os transforma, esclarecendo-os no momento oportuno. O Pai não trava contendas com as suas criaturas e sim trabalha em silêncio em favor delas.

O Apostolado do Evangelho é o da colaboração com o Céu, nos grandes princípios da Redenção Humana.

I.3- Esclarecimentos Finais

Esclarecendo a uma pergunta de Zebedeu, pai dos Apóstolos Thiago e João, Jesus explica que nasceu para fundar o Reino de Deus nos corações dos homens, o qual é um trabalho árduo e de muito sofrimento, porém irá lhe trazer a paz da consciência e a resignação suprema aos desejos do Todo Poderoso. Não é uma paz que traz a ociosidade ao Espírito e a resignação do vício do sentimento, como usualmente os homens o fazem.

O verdadeiro Discípulo das verdades do céu trabalha para eliminar os erros através das atitudes para o bem sem querer prejudicar o próximo, não importando a quantidade de pessoas, certo de que um dia o Evangelho será conhecido por todos.

A mensagem do Evangelho é excelente para todos, porém nem todos os homens são ainda bons e justos para com ela. Contudo com a eliminação do mal e o cultivo do bem, a Terra será um glorioso campo de batalha, através das criaturas trazidas por Deus à boa estrada. Nos instantes transitórios da dor e da derrota, o homem escutará a voz do Pai: Vem filho meu, estou nos teus sofrimentos com a luz dos meus ensinos.

Ao ser questionado pelo Apóstolo Simão Pedro sobre as afirmações em Mateus 10:37, sobre amar mais aos pais ou aos filhos do que a ele, o Mestre esclarece que as suas palavras significam que os homens devem decidir, a colocar o Reino de Deus, acima de tudo. A sua palavra não determina que se quebre os elos santificados da vida, mas exalta os que tiverem a verdadeira fé, que coloquem o poder da paternidade de Deus, acima de todas as coisas e de todos os seres da criação infinita, no círculo divino da família universal. O Reino dos Céus no coração deve ser o tema central da vida, sendo que tudo o mais é simples acessório. O Reino dos Céus é o Tabernáculo da vida eterna, e os Discípulos necessitam aprender a partir e a esperar onde as determinações do Pai os conduzam, porque a edificação do Reino dos Céus no coração dos homens deve ser a primeira preocupação, a aspiração mais nobre da alma, constituindo o objetivo central do Espírito.

Livro: Boa Nova – Humberto de Campos e Chico Xavier – FEB – 1941

Anexo II – Terra, uma Escola de Regeneração

II.1 – Introdução

Apesar das ações de Jesus, não somente na cura e ajuda aos aflitos e sofredores, mas também no esclarecimento das verdades espirituais através de suas luminosas palavras, os Doutores da Lei, que se julgavam os donos únicos e exclusivos das verdades espirituais, não aceitavam o Divino Mestre e não perdiam a oportunidade de tentar diminui-lo diante do povo. Em uma destas oportunidades, durante o apedrejamento de uma mulher, de acordo com as tradições Hebraicas, Jesus é feito Juiz do caso, e além de absolver a mulher, fala uma das suas frases mais famosas: quem estiver sem pecado que atire a primeira pedra.

Em seguida, após a dispersão da multidão, passa a ensinar aos Apóstolos sobre o episódio.

II.2 – Terra, uma Escola de Regeneração

Após o povo ter se dispersado, recomenda severamente a mulher: vá e não peques mais. Em seguida os Apóstolos, ainda presos ao rigorismo das Tradições Judaicas, fazem ao Mestre uma série de questionamentos relativos ao não apedrejamento da mulher. Jesus então os esclarece com as seguintes considerações:

– Todos ignoram as durezas das vicissitudes que esta pobre mulher tem passado. Enorme é o vulto das necessidades e tentações que a fizeram sucumbir no meio do caminho. Não seria justo agravar-lhe os padecimentos infernais de sua consciência pesarosa e sem rumo. Quantas vezes tem lhe faltado o pão a mesa ou a manifestação de carinho a sua alma angustiada? Raras dores no mundo serão idênticas às agonias de suas noites silenciosas e tristes. Este é o seu doloroso Inferno, sua aflitiva condenação. Em todos os planos da vida, o Instituto da Justiça Divina funciona, naturalmente, com os seus princípios de compensação;

– Ninguém pode contestar que ela tenha pecado. Contudo, quem estará irrepreensível diante da Lei Divina? Muitos Sacerdotes, Magistrados, Filósofos e outros, prostituem as suas almas através de um menor preço;

– A hipocrisia costuma campear impune, enquanto se atiram pedras ao sofrimento. Deste modo o mundo está cheio de túmulos caiados. Deus, contudo, é o Pai de Bondade Infinita e aguarda os filhos pródigos na sua casa;

– Cada ser traz consigo a fagulha do Criador e erige dentro de si, o santuário de sua presença ou a muralha sombria da negação. Contudo, somente a Luz e o Bem são eternos, e um dia, todos os redutos do mal cairão, para que Deus resplandeça no Espírito de seus filhos;

– Está escrito que sois Deuses e que todos os filhos tem direito a mesma parte na herança divina. As criaturas transviadas são as que não souberam tomar posse do seu quinhão divino, permutando-o pela astisfação de seus caprichos no desregramento ou no abuso, na egolatria ou no crime, pagando elevado preço pelas suas decisões voluntárias;

– Examinada sob o ponto de vista acima, o Mundo é uma vasta Escola de Regeneração, onde todas as criaturas se reabilitam da traição aos seus próprios e inadiáveis deveres. A Terra, portanto, pode ser tida como um grande Hospital, onde o pecado é a doença de todos. O Evangelho, no entanto, traz ao homem enfermo o remédio eficaz, para que todas as estradas se transformem em suave caminho de sua redenção;

– Nunca condeno o pecador por não afastar o pecado, porém prefiro acreditar na sua recuperação através do bem. Mesmo os seres mais tristes e miseráveis, que se arrastam na noite de sombras e desolação, possuem uma semente grosseira que encerra um gérmen divino, que um dia se elevará da Terra para o beijo de Luz do Sol;

– Deus nunca desce de sua sabedoria e amor para punir os seus filhos. O Pai tem o seu plano determinado com relação a criação inteira ( Família Cósmica Universal ), mas cabe a cada criatura, individualmente, uma parte no próprio trabalho de edificação, pelo qual terá que responder diante da Lei Divina.

Ao abandonar o trabalho divino, para viver ao sabor de seus próprios caprichos, a alma cria para si a situação correspondente, trabalhando para reintegrar-se no plano divino, depois de se haver deixado levar pelas sugestões funestas, contrárias à sua própria paz.

Para exemplificar estes seus ensinos, levou os Apóstolos para o interior do Templo de Jerusalém, e ao encontrar o paralítico que havia curado anteriormente, diz-lhe duramente: Eis que estás são. Não peques mais, para que não lhe aconteça coisa pior (para que não tenha uma futura reencarnação mais sofrida do que a atual).

II.3 – Considerações de Humberto de Campos

Humberto de Campos, baseados nestes novos ensinos do Divino Mestre Jesus, esclarece que um novo pensamento, muito devagar, contudo, começou a tomar conta do Sistema Judiciário da Terra, quando a Sociedade começou a entender as suas obrigações e deveres com relação aos delinquentes e criminosos, buscando lhes auxiliar através de numerosas escolas de regeneração, e tratando-os como doentes, ao qual se deseja a cura e a reforma em definitivo para o bem.

II.4 – Punição

Após ensinar o conceito da Reencarnação para o Mestre Hebreu Nicodemos, e notando a perplexidade dos Apóstolos Thiago e André, que o acompanhavam nesta reunião com Nicodemos, Jesus aproveita a oportunidade para fixar na mente destes Apóstolos os novos conceitos relativos a Reencarnação:

– O corpo é como uma veste que acaba rota e que deve ser jogada fora. No homem, o processo é análogo, porém encontrando no amor de Deus a mudança indispensável, através de várias Reencarnações, para que se consiga a provisão de Luz indispensável para a entrada definitiva no Reino de Deus, com a perfeição conquistada ao longo de rudes e duros caminhos;

– Cada alma conduz, consigo mesma, o Céu ou o Inferno que edificou no âmago da própria consciência. Deste modo a sabedoria do Pai, não permite que se entregue uma veste mais bonita e perfeita ao Espírito que utilizou a veste anterior para o roubo, o assassinato e a destruição. Sendo assim aqueles que abusaram da túnica da riqueza poderão vestir a túnica dos fâmulos e dos escravos mais humildes, assim como as mãos que feriram poderão ser cortadas na nova roupagem ( nova encarnação );

– Na Lei Divina, que é a lei do Amor, não existe a Lei do Talião de Moisés (lei do olho por olho, dente por dente). Com esta Lei do Amor, deve-se considerar que a vítima e o verdugo são filhos do mesmo Pai, bastando que ambos sintam isto, e se perdoem mutuamente, para que a fraternidade divina afastem os fantasmas do escândalo e do sofrimento.

Livro: Boa Nova, Humberto de Campos e Chico Xavier, FEB, 1941.

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