O Planejamento de uma Reencarnação

I – Introdução

Quando os Espíritos Sábios e Benevolentes trazem a Visão Celeste, alargando o campo das esperanças humanas, todos os companheiros encarnados nos ouvem, estáticos, venturosos. É a consolação sublime, o conforto desejado. Congregam-se os corações para receber as mensagens do céu.

Mas, se os Emissários do Plano Superior revelam alguns ângulos da Vida Espiritual, falando-lhes do trabalho do dia a dia, do esforço próprio, da responsabilidade pessoal, da luta edificante, do estudo necessário, do autoaperfeiçoamento e do autoburilamento, não ocultam a desagradável impressão.

Contrariamente às suposições da primeira hora, não enxergam o céu das facilidades, nem a região dos favores, não divisam acontecimentos milagrosos nem observam a beatitude repousante. Ao invés do Paraíso próximo, sentem-se nas vizinhanças de uma oficina incansável, onde o trabalhador não se elevará pela mão beijada do protecionismo e sim à custa de si mesmo, para que deva à própria consciência a vitória ou a derrota.

Percebem a lei imperecível que estabelece o controle da vida, em nome do Eterno, sem falsos julgamentos. Compreendem que as praias de beleza divina e os palácios encantados da paz aguardam o Espírito noutros continentes vibratórios do Universo, reconhecendo, no entanto, que lhes compete suar e lutar, esforçar-se e aprimorar-se por alcançá-los, bracejando no imenso mar das experiências. A maioria espanta-se e tenta o recuo. Pretendem um céu fácil, depois da morte do corpo, de preferência que seja conquistado por meras afirmativas doutrinais → O Mentor Alexandre em (1) afirma que assim que o Espírito assume a forma física se apossando do tesouro do corpo físico, retorna ao seu endurecimento espiritual, e na maioria dos casos de reencarnação, menosprezam as Leis Divinas do Pai Santíssimo e Amoroso, se esquecendo de todos os “Compromissos” assumidos diante dos seus Guias no Plano Espiritual.

Ninguém, contudo, perturbará a Lei Divina; a verdade vencerá sempre e a vida eterna continuará ensinando, devagarzinho, com paciência maternal.

Ao Espiritismo Cristão cabe, atualmente no mundo, uma grandiosa e sublime tarefa. Não basta definirlhe as características veneráveis de Consolador da Humanidade, são preciso também lhe revelar a feição de movimento libertador de consciências e corações.

A morte física não é o fim. É pura mudança de capítulo no livro da evolução e do aperfeiçoamento. Ao seu influxo, ninguém deve esperar soluções finais e definitivas, quando sabemos que cem anos de atividade no mundo físico representa uma fração relativamente curta de tempo para qualquer edificação na vida eterna, para o Espírito que possui milhões de anos de existência.

II – O Papel do Espiritismo

Infinito campo de serviço aguarda a dedicação dos trabalhadores da verdade e do bem, sejam encarnados ou desencarnados. Problemas gigantescos desafiam os Espíritos valorosos, encarnados na época presente, com a gloriosa missão de preparar a Nova Era, contribuindo na restauração da fé viva e na extensão do entendimento humano. Urge socorrer a Religião, sepultada nos Arquivos Teológicos dos Templos de Pedra, e amparar a Ciência, transformada em gênio satânico da destruição → Emmanuel se refere aos cem anos subsequentes do Espiritismo, pois este texto foi escrito em 1945 → Atualmente, em 2023, a Terra está passando por um processo gradual de Transição Planetária de “Planeta de Dores e Expiação” para um Planeta de Regeneração, e os seus habitantes, encarnados ou desencarnados, que não acompanharem esta evolução serão transferidos para outros mundos compatíveis com o respectivo nível espiritual de atraso → O Profeta Zacarias, em 13:8, previu que 2/3 dos habitante da Terra serão degradados para outros Orbes.

A espiritualidade vitoriosa percorre o mundo, regenerando-lhe as fontes morais, despertando a criatura no quadro realista de suas aquisições. Há chamamentos novos para o homem descrente, dos séculos futuros, indicando-lhe horizontes mais vastos, a demonstrar-lhe que o Espírito vive acima das civilizações e que a guerra transforma ou consome na sua voracidade de dragão multimilenário.

Ante os tempos novos e considerando o esforço grandioso da renovação, requisita-se o concurso de todos os servidores fiéis da verdade e do bem para que, antes de tudo, vivam a nova fé, melhorando-se e elevando-se cada um, a caminho do mundo melhor, a fim de que a edificação do Cristo prevaleça sobre as meras palavras das ideologias brilhantes.

Na consecução da tarefa superior, congregam-se encarnados e desencarnados de boa vontade, construindo a ponte de luz, através da qual a Humanidade transporá o abismo da ignorância e da morte.

O homem é um Espírito Eterno habitando temporariamente o templo vivo da carne terrestre, que o Perispírito não é um corpo de vaga neblina e sim organização viva a que se amoldam às células materiais; que a alma, em qualquer parte, recebe segundo as suas criações individuais; que os laços do amor e do ódio nos acompanham em qualquer círculo da vida; que outras atividades são desempenhadas através da consciência encarnada, além da luta vulgar de cada dia; que a reencarnação é orientada por sublimes ascendentes espirituais e que, além do sepulcro, a alma continua lutando e aprendendo, aperfeiçoando-se e servindo aos desígnios do Senhor, crescendo sempre para a glória imortal a que o Pai destinou.

Se a leitura te assombra, se as afirmativas dos Mensageiros te parecem revolucionárias, recorre à oração e agradece ao Senhor o aprendizado, pedindo-lhe te esclareça e ilumine, para que a ilusão não te retenha em suas malhas.

Lembra-te de que a revelação da verdade é progressiva e, rogando o socorro divino para o teu coração, atende aos sagrados deveres que a Terra te designou para cada dia, consciente de que a morte do corpo não te conduzirá à estagnação e sim a novos campos de aperfeiçoamento e trabalho, de renovação e luta bendita, onde viverás muito mais, e mais intensamente → Alexandre (1).

III – A Situação Real do Espírito no Mundo Espiritual

“Sempre supus que após a morte do corpo nada mais teríamos a fazer, além de cantar beatificamente no Paraíso ou ranger dentes no Inferno, mas a situação é extremamente diversa. Refiro-me à velha definição Teológica, porque nunca pude aceitar a tese negativista, em caráter absoluto. Impossível que a vida estivesse circunscrita ao palco de carne, onde o homem desempenha os mais extravagantes papéis, em múltiplas atitudes cênicas, desde a infância até a velhice. Algo deveria existir, sempre acreditei, além do necrotério e do túmulo.

Admitia, porém, que a morte fosse maravilhoso passe de magia, orientando as almas a caminho do paraíso de paz imorredoura ou da região escura de castigos eternos. Nada disso, contudo achei. Encontrei a vida, em si mesma, com o mesmo sabor de beleza, intensificação e mistério divino.

Transferimo-nos de residência, pura e simplesmente, e tanto trazemos para cá indisposições e doenças, como as investigações e processos de curar. Os enfermos e os médicos são aqui em maior número. O Corpo Astral é organização viva, tão viva quanto o aparelho fisiológico em que vivíamos no plano carnal.

Explica-nos as Religiões Convencionalistas e Dogmáticas , erroneamente, que o ser humano é alma criada por Deus, no instante da concepção materna, e que, com a morte, regressa ao seio divino para definitivo julgamento, em toda a eternidade, na hipótese de o paciente não ser obrigado a determinadas demoras nas estações desagradáveis do Purgatório.

De fato, suponho devam existir lugares mais deliciosos que o Éden imaginado pelos sacerdotes humanos e, porém, com meus olhos no mundo espiritual, tenho visto flagelações e sofrimentos que ultrapassam todas as imagens infernais ideadas pelos inquisidores.

Entretanto, e é lamentável reconhece-lo, nem a Ciência, nem a Religião nos prepararam, convenientemente, para enfrentar os problemas do homem desencarnado. A maior surpresa para mim, presentemente, é a paisagem de serviço que a vida espiritual nos descortina.

O volume de nossas tarefas assombraria qualquer homem encarnado, e cumpre-nos reconhecer que a necessidade de sacrifício nos serviços de qualquer Colônia, ou Instituição, Espiritual é enorme” → Gotuzo (2)

IV – O Conceito da Reencarnação Ensinado por Jesus

IV.1 – Diálogo de Jesus com Nicodemos

Jesus (3): Primeiro que tudo, Nicodemos, não basta que tenhas vivido a interpretar a lei. Antes de raciocinar sobre as suas disposições, deverias ter-lhe sentido os textos. Mas, em verdade devo dizer-te que ninguém conhecerá o Reino do Céu, sem nascer de novo.

– Nicodemos: Como pode um homem nascer de novo, sendo velho? – Interrogou o fariseu, altamente surpreendido.

– Poderá, porventura, regressar ao ventre de sua mãe?

– O Messias fixou nele os olhos calmos, consciente da gravidade do assunto em foco, e acrescentou: Em verdade, reafirmo-te ser indispensável que o homem nasça e renasça, para conhecer plenamente a Luz do Reino.

– Entretanto, como pode isso ser? Perguntou Nicodemos, perturbado.

És Mestre em Israel e ignoras estas coisas? Inquiriu Jesus, como que surpreendido.

Extremamente confundido, retirou-se o fariseu, ficando André e Tiago empenhados em obter do Messias o necessário esclarecimento, acerca daquela lição nova.

IV.2 – Diálogo de Jesus com André e Thiago

Jesus (3), após a retirada de Nicodemos, explica o Conceito da Reencarnação para André e Thiago:

Por que tamanha admiração, em face destas verdades? Perguntou-lhes Jesus, bondosamente.

As árvores não renascem depois de podadas? Com respeito aos homens, o processo é diferente, mas o espírito de renovação é sempre o mesmo.

O corpo é uma veste. O homem é seu dono. Toda roupagem material acaba rota, porém, o homem, que é filho de Deus, encontra sempre em seu amor os elementos necessários à mudança do vestuário.

A morte do corpo é essa mudança indispensável, porque a alma caminhará sempre, através de outras experiências, até que consiga a imprescindível provisão de luz para a estrada definitiva no Reino de Deus, com toda a perfeição conquistada ao longo dos rudes caminhos.

André sentiu que uma nova compreensão lhe felicitava o espírito simples e perguntou: Mestre, já que o corpo é como que à roupa o material das almas, por que não somos todos iguais no mundo? Vejo belos jovens, junto de aleijados e paralíticos.

Acaso não tenho ensinado, disse Jesus, que tem de chorar todo aquele que se transforma em instrumento de escândalo? Cada alma conduz consigo mesma o inferno ou o céu que edificou no âmago da consciência. Seria justo conceder-se uma segunda veste (próxima reencarnação) mais perfeita e mais bela ao Espírito rebelde que estragou a primeira (reencarnação anterior)? Que diríamos da sabedoria de Nosso Pai, se facultasse as possibilidades mais preciosas aos que as utilizaram na véspera para o roubo, o assassínio, a destruição? Os que abusaram da túnica da riqueza vestirão depois as dos fâmulos e escravos mais humildes, assim como as mãos que feriram (reencarnação anterior) podem vir a ser cortadas (próxima reencarnação).

Senhor, compreendo agora o mecanismo do resgate, murmurou Tiago, externando a alegria do seu entendimento. Mas, observo que, desse modo, o mundo precisará sempre do clima do escândalo e do sofrimento, desde que o devedor, para saldar seu débito, não poderá fazê-lo sem que outro lhe tome o lugar com a mesma dívida.

O Mestre apreendeu a amplitude da objeção e esclareceu os discípulos, perguntando: Dentro da Lei de Moisés, como se verifica o processo da redenção?

Tiago meditou um instante e respondeu: Também na Lei está escrito que o homem pagará olho por olho, dente por dente”.

Também tu, Tiago, estás procedendo como Nicodemos, replicou Jesus com generoso sorriso. Como todos os homens, aliás, tens raciocinado, mas não tens sentido. Ainda não ponderaste, talvez, que o primeiro mandamento da lei é uma determinação de amor. Acima do “não adulterarás”, do “não cobiçarás”, está o “Amar a Deus sobre todas as coisas, de todo o coração e de todo o entendimento”. Como poderá alguém amar ao Pai, aborrecendo-lhe a obra?

Não estranho a exiguidade de Visão Espiritual com que examinaste o texto dos profetas. Todas as criaturas hão feito o mesmo. Investigando as revelações do céu com o egoísmo que lhes é próprio, organizaram a justiça como o edifício mais alto do idealismo humano.

Entretanto, coloco o amor acima da justiça do mundo e tenho ensinado que só ele cobre a multidão dos pecados. Se nos prendemos à Lei de Talião, somos obrigados a reconhecer que onde existe um assassino haverá, mais tarde, um homem que necessita ser assassinado; com a Lei do Amor, porém, compreendemos que o Verdugo e a Vítima são dois irmãos, filhos de um mesmo Pai. Basta que ambos sintam isso para que a fraternidade divina afaste os fantasmas do escândalo e do sofrimento.

IV.3 – Diálogo de Jesus com João Evangelista

Após as cenas descritas por Lc 22:39 a 47, o Apóstolo João Evangelista não se perdoou pela sua invigilância e falta de solidariedade ao Divino Mestre. Muitos anos após estes fatos, João recebe a explicação do próprio Jesus (3)→ Este Conceito adicional definido por Jesus é necessário para que o Homem aprenda a valorizar o novo corpo físico, recebido como uma nova benção pela sua nova Reencarnação na Terra, necessário ao próprio Burilamento e Aperfeiçoamento para obter as provisões de Luz para entrar nos Reinos dos Céus.

João, a minha Soledade no Horto é também um Ensinamento do Evangelho e uma Exemplificação.

Ela significará, para quantos vierem em nossos passos, que cada Espírito na Terra tem de ascender sozinho ao calvário de sua redenção, muitas vezes com a despreocupação dos entes mais amados do mundo.

Em face dessa lição, o discípulo do futuro compreenderá que a sua marcha tem que ser solitária, uma vez que seus familiares e companheiros de confiança se entregam ao sono da indiferença.

Doravante, pois, aprendendo a necessidade do valor individual no testemunho, nunca deixes de “Orar e Vigiar”.

V – O Instituto do Planejamento de Reencarnações

Em Nosso Lar, segundo André Luiz (4), o Ministério do Auxilio é responsável por atender os doentes, ouvir e selecionar as preces, preparar reencarnações terrenas, socorrer as almas que se encontram no Umbral e as que choram na Terra.

É para a regulamentação de semelhantes serviços que funciona nesta Colônia Espiritual, o “ Instituto do Planejamento de Reencarnações”.

Ainda, de acordo com André Luiz e também com o Mentor Alexandre (1):

  • O Instituto se caracteriza por possuir vários prédios e numerosas instalações. Árvores acolhedoras enfíleiram-se através de extensos jardins, imprimindo encantador aspecto à paisagem.
  • Muitos dos irmãos, alguns prestes a reencarnar, que passavam junto de nós, empunhavam reduzidos rolos de substância semelhante ao pergaminho terrestre.
  • As Entidades sob nossos olhos são trabalhadores de nossa esfera, interessados em reencarnações próximas. Nem todos estão diretamente ligados ao semelhante propósito, porque grande parte está em trabalho de intercessão, obtendo favores dessa natureza para amigos íntimos.
  • Os rolos brancos que conduzem são pequenos mapas das formas orgânicas, elaborados por Orientadores de nosso plano, especializados em conhecimentos biológicos do Homem. Conforme o grau de adiantamento do futuro reencarnante, e de acordo com o serviço que lhe é designado no corpo carnal, é necessário estabelecer planos adequados aos fins essenciais → Uma Reencarnação, por Mérito ou por Intercessão, é totalmente Programada neste Instituto do Planejamento de Reencarnações.
  • Funciona com inalienável domínio sobre todos os seres em evolução, mas sofre, naturalmente, a influência de todos aqueles que alcançam qualidades superiores ao ambiente geral.
  • Além do mais, quando o interessado em experiências novas no plano da Crosta é merecedor de “ Serviços Intercessórios ”, as forças mais elevadas podem imprimir certas modificações à matéria, desde as atividades embriológicas, determinando alterações favoráveis ao trabalho de redenção.
  • As Colônias Espirituais mais elevadas mantêm serviços especiais para a reencarnação de trabalhadores e missionários;
  • Quando me refiro a trabalhadores, falo dos companheiros não completamente bons e redimidos, mas daqueles que apresentam maior soma de qualidades superiores, a caminho da vitória plena sobre as condições e manifestações grosseiras da vida.
  • Em geral, como acontece a nós outros, são entidades em débito, mas com valores de boa vontade, perseverança e sinceridade, que lhes outorgam o direito de influir sobre os fatores de sua reencarnação, escapando, de certo modo, ao padrão geral. Claro que nem sempre tais alterações se verificam em condições agradáveis para a experiência futura. Os serviços de retificação representam tarefas enormes.
  • O problema da queda é também uma questão de aprendizado e o mal indica posição de desequilíbrio, exigindo restauração e corrigenda.
  • A evolução confere-nos poder, mas gastamos muito tempo, aprendendo a utilizar esse poder harmonicamente. A racionalidade oferece campo seguro aos nossos conhecimentos; entretanto, quase todos nós, trabalhadores da Terra, nos demoramos séculos no serviço de iluminação íntima, porque não basta adquirir ideias e possibilidades, é preciso ser responsável, e nem é justo tenhamos tão somente a informação do raciocínio, mas também a luz do amor.
  • Temos necessidade da luta que corrige, renova, restaura e aperfeiçoa. A reencarnação é o meio, a Educação Divina é o fim. Por isso mesmo, a par de milhões de semelhantes nossos que evolvem, existem milhões que se reeducam em determinados setores do sentimento, porquanto, se já possuem certos valores da vida, faltam-lhes outros não menos importantes.
  • Jesus nos deixou material de pensamento para o assunto em exame, quando nos asseverou que se a nossa mão ou os nossos olhos fossem motivos de escândalo deveriam ser cortados ao penetrarmos no templo da vida. Compete-nos transferir a imagem literal para a interpretação simples do Espírito. Se já falimos muitas vezes em experiências da autoridade, da riqueza, da beleza física, da inteligência, não seria lógico receber idêntica oportunidade nos trabalhos retificadores.

VI – Planejamento dos Corpos Físicos

André Luiz (1) ao estar dentro de um dos Departamentos deste Instituto, narra que:

  • Em luminosos pedestais, descansavam duas maravilhas da estatuária, a figuração delicada de um corpo masculino e outro modelo feminino, singularmente belo pela perfeição anatômica, não somente da forma em si, mas também de todos os órgãos e as mais diversas glândulas.
  • Através de disposições elétricas, ambas as figurações palpitavam de vida e calor, exibindo eflúvios luminosos, quais os homens e mulheres mais evolvidos na esfera carnal → O Modelo das Criações Educativas, estruturado em substância luminosa, constituía, a meu parecer, a mais primorosa obra anatômica até então sob minha análise. Semelhava-se aquela figura humana, imóvel, a qualquer coisa divinal.
  • Nunca vira semelhante perfeição de minudências fisiológicas. Toda a musculatura estava, ali, formada em fibras radiosas. Desde o frontal ao ligamento anular do tarso, viam-se fios de luz simbolizando as regiões diversas da musculatura em geral.
  • Determinadas fibras, todavia, como as que se localizavam na zona orbicular das pálpebras, no triangular dos lábios, no grande peitoral, no pectineo, nas eminências tenar e hipotênar até o extensor dos dedos, eram mais brilhantes → Do exame de superfície, passei a observações mais profundas, identificando as disposições maravilhosas das figuras representativas da circulação linfática e sanguínea. Os órgãos estavam todos ali, vibrando em obediência a dispositivos elétricos para demonstrações educativas.
  • Os vasos para o sangue venoso apresentavam-se em luz acinzentada, ao passo que as regiões do sangue arterial figuravam-se em cor encarnada → Cobrindo as maravilhas orgânicas, estava o sistema nervoso, semelhando-se a capa radiante estruturada em fios tenuíssimos de luz feérica.
  • A região do cérebro parecia uma lâmpada em azul suavíssimo, cuja luminosidade se ligava em sentido direto ao cerebelo, descendo em seguida pela medula espinhal até o plexo sagrado, onde o foco brilhante adquiria expressão mais intensa, para atenuar-se, depois, no grande ciático.
  • Transferi minhas observações para a forma feminina, igualmente radiosa, concentrando meu potencial analítico sobre o sistema endocrínico, disposto à maneira de constelação, entre as peças orgânicas. Desde a epífise, situada entre os hemisférios cerebrais, até os núcleos procriadores, as glândulas pareciam formar belo sistema luminoso, semelhante a pequenos astros de vida, congregados em sentido vertical, qual antena rútila atraindo a luz procedente de Mais AltoA faculdade criadora é também divindade do homem. O útero maternal significa, para nós outros, a porta bendita para a redenção.
  • Para grande número de pessoas na Esfera do Globo, a visão celestial é símbolo de repouso e alegria sem fim, enquanto, para muitos de nós, a visão terrestre significa trabalho edificante e salutar. Não alcançaremos, porém, a terra prometida do serviço redentor, sem o concurso das forças criadoras associadas, do homem e da mulher.
  • Em todas as Colônias Espirituais de expressão elevada, essas tarefas são desempenhadas com infinito carinho. O auxílio à reencarnação de companheiros nossos traduz o nosso reconhecimento ao aparelho físico que nos tem proporcionado tantos benefícios através do tempo.
  • O Termo “Completista é o título que designa os raros irmãos que aproveitaram todas as possibilidades construtivas que o corpo terrestre lhes oferecia → O Completista, na qualidade de trabalhador leal e produtivo nestas colônias Espirituais, pode escolher, à vontade, o corpo futuro, quando lhe apraz o regresso à Crosta em Missões de Amor e Iluminação, ou recebe veículo enobrecido para o prosseguimento de suas tarefas, a caminho de círculos mais elevados de trabalho → É um prêmio aos raríssimos homens que vivem na sublime Arte do Equilíbrio Espiritual, mesmo na carne → O Mentor Manassés, deste Instituto, esclarece que: Por mais estranho que possa parecer, semelhantes exceções existem no mundo. Passam, frequentemente, para cá, entre os anônimos da Crosta, sem fichas de propaganda terrestre, mas com imenso lastro de Espiritualidade Superior.
  • Ainda de Manassés: Nenhum dos que tenho visto partir, embora os méritos de que se encontravam revestidos, escolheram formas irrepreensíveis, quanto às linhas exteriores. Solicitaram providências em favor da existência sadia, preocupando-se com a resistência, equilíbrio, durabilidade e fortaleza do instrumento corpóreo que os devem servir, mas pediram medidas tendentes a lhes atenuarem o magnetismo pessoal, em caráter provisório, evitando-se-lhes a apresentação física muito primorosa, ocultando, assim, a beleza de suas almas para a eficiente garantia de suas tarefas.

Ainda de André Luiz, ao estar em um outro Departamento deste Instituto, narra que:

  • Pequenas telas, demonstrando peças do organismo humano, estavam ordenadamente em todos os recantos. Tinha a impressão fiel de que me encontrava num grande centro de anatomistas, cercados de auxiliares competentes e operosos. Espalhavam-se desenhos de membros, tecidos, glândulas, fibras, órgãos, etc.

Manassés (1) complementa que:

  • No serviço de recapitulação ou de tarefas especializadas na superfície do Globo, a reencarnação nunca pode ser vulgar. Para isso, trabalham aqui centenas de técnicos em questões de Embriologia e Biologia em geral, no sentido de orientar as experiências individuais do futuro de quantos irmãos se ligam a nós no esforço coletivo → Não estamos aqui senão cogitando, igualmente, de projetos para futuras habitações carnais. O corpo humano não deixa de ser a mais importante moradia para nós outros, quando compelidos à permanência na Crosta. Não podemos esquecer que o próprio Divino Mestre classificava-o como Templo do Senhor.
  • Como era complexa a oportunidade de renascer. Que atividades intensas exigiam dos Benfeitores Espirituais.

VII – Exemplos de Programação de Reencarnação

Caso 1

Uma abnegada trabalhadora de Nosso Lar voltará à Esfera do Globo, em breves dias, em tarefa de profunda abnegação por quatro entidades que, há mais de quarenta anos, se debatem em regiões abismais das zonas inferiores.

Manassés indagou: Já recebeu todos os projetos?

A Reencarnante: Sim, não somente os que se referem aos meus pobres filhos, mas também a planta relativa à minha própria forma futura → Em vida passada foi mãe de três rapazes e uma jovem, cuja preparação intelectual exigira os mais árduos sacrifícios. Devido a riqueza, e por uma falta de um pulso forte da mãe, principalmente, caíram muito cedo em desregramentos de natureza física e moral, a pretexto de atenderem a obrigações sociais. E tão degradantes foram esses desregramentos que perderam muito cedo o templo do corpo, entrando em regiões baixas no Umbral, em tristes condições.

– A experiência ser-lhe-á bem dura, porque dois dos rapazes deverão regressar na condição de paralíticos, um na qualidade de débil mental e, para auxiliá-la na viuvez precoce, terá somente a filha, que, por si mesma, será também portadora de prementes necessidades de retificação.

Caso 2

Outra dedicada trabalhadora de Nosso Lar se apresenta a Manassés e lhe diz:

– Desejo sua obsequiosa interferência na retificação do meu plano.

– Abrindo pequeno mapa, onde se via desenhado com extrema perfeição um organismo de mulher, pede que seja revisado o Projeto para o Sistema Endocrínico.

– Sei que os amigos me favoreceram, planejando-o com muita harmonia nas menores disposições; entretanto, desejaria modificações.

– Fui advertida por Benfeitores daqui, no sentido de não me apresentar na Crosta, dentro de linhas impecáveis para a forma física e, em razão disso, para que eu tenha mais probabilidades de êxito em meu favor, na tarefa que me proponho desempenhar, estimaria que a tireóide e as paratireóides não estivessem tão perfeitamente delineadas.

– Minha tarefa não será fácil. Devo reaver um patrimônio espiritual de grandes proporções. Preciso fugir de qualquer possibilidade de queda e a perfeita harmonia física me perturbaria as atividades.

– Prefiro a fealdade corpórea, tornou ela, não estou interessada num corpo de Vênus e, sim, na redenção de meu Espírito para a Eternidade.

Manassés: Tem razão. A sedução carnal é imenso perigo, não só para aqueles que emitem a sua influenciação, como também para quantos a recebem.

Admirava, tomado de profunda impressão, aqueles gráficos numerosos que se alinhavam com absoluta ordem, demonstrando o cuidado espiritual que precede o serviço de reencarnações.

Caso 3

Um outro Trabalhador de Nosso Lar tem a sua situação de Reencarnação analisada por Manassés:

– Desejando, porém, prosseguir nos esclarecimentos, quanto ao serviço reencarnacionista, tomou pequeno gráfico e, apresentando-me as linhas gerais, acentuou que aqui temos o projeto de futura reencarnação dum amigo meu.

– Não observa certos pontos escuros, desde o cólon descendente à alça sigmóide? Isso indica que ele sofrerá uma úlcera de importância, nessa região, logo que chegue à maioridade física. Trata-se, porém, de escolha dele.

– Esse amigo, faz mais de cem anos, cometeu revoltante crime, assassinando um pobre homem a facadas. Arrependeu-se do crime, sofreu muito nas regiões purgatoriais e, depois de largos padecimentos purificadores, aproximou-se da vítima, beneficiando-a em louváveis serviços de resgate e penitência;

– Cresceu moralmente, tornou-se amigo de muitos benfeitores, conquistou a simpatia de vários agrupamentos de nosso plano e obteve preciosas intercessões. Entretanto… A dívida permanece.

– Ao voltar à Crosta, não precisará desencarnar em espetáculo sangrento, mas onde estiver, durante os tempos de cura completa, na carne que ele outrora menosprezou, carregará a própria ferida, conquistando, dia a dia, a necessária renovação. Experimentará desgostos, em virtude do sofrimento físico pertinaz, lutará incessantemente, desde a eclosão da úlcera até o dia do resgate final no aparelho fisiológico.

Entretanto, se souber manter-se fiel aos compromissos novos, terá atingido, mais tarde, a plena libertação.

– Segundo observamos, a justiça se cumpre sempre, mas, logo que se disponha o Espírito a precisa transformação no Senhor, atenua-se o rigorismo do processo redentor. O próprio Pedro nos lembrou, há muitos séculos, que “o amor cobre a multidão dos pecados”.

– São inúmeros os projetos de corpos futuros em nossos setores de serviço. Depreende-se, da maioria deles, que todos os enfermos na carne são almas em trabalho da ingente conquista de si próprias.

Ninguém trai a Vontade de Deus, nos processos evolutivos, sem graves tarefas de reparação, e todos os que tentam enganar a Natureza, quadro legítimo das leis divinas, acabam por enganar a si mesmos.

– A vida é uma sinfonia perfeita. Quando procuramos desafiná-la, no círculo das notas que devemos emitir para a sua máxima glorificação, somos compelidos a estacionar em pesado serviço de recomposição da harmonia quebrada.

Caso 4

Em um dos Pavilhões de Desenho, onde numerosos cooperadores traçavam planos para reencarnações, o Chefe do Planejamento, Manassés, atende a uma Entidade que iria Reencarnar em breve e tem o seguinte diálogo:

– Pode informar se o meu modelo está pronto?

– Creio que poderá procurá-lo amanhã, tornou Manassés, bem disposto.

– Já fui observar o gráfico inicial e dou-lhe parabéns por haver aceitado a sugestão amorosa dos Orientadores, sobre o defeito da perna. Certamente, lutará você com grandes dificuldades nos princípios da nova luta, mas a resolução lhe fará grande bem.

– Preciso defender-me contra certas tentações de minha natureza inferior e a perna doente me auxiliará, ministrando-me boas preocupações. Ser-me-á um antídoto à vaidade, uma sentinela contra a devastação do amor-próprio excessivo. Temo contrair novos débitos ao invés de pagar os velhos compromissos.

É tão penoso vencer na experiência carnal, em vista do esquecimento que sobrevém à encarnação. O renascimento na carne, com os valores espirituais que já possuímos, representa um fato gravíssimo em nosso processo de elevação… Ai de mim, se cair outra vez!…

– Se tivéssemos grandes virtudes e belas realizações, não precisaríamos recapitular as lições já vividas na carne. E se apenas possuímos chagas e desvios para rememorar, abençoemos o olvido que o Senhor nos concede em caráter temporário.

– Pode informar-me ainda a média de tempo conferida à minha forma física futura?

– Setenta anos, no mínimo. Pondere a graça recebida, Silvério, e, depois de tomar-lhe a posse no plano físico, e não volte aqui antes dos setenta. Trate de aproveitar bem a oportunidade concedida. Todos os seus amigos esperam que você volte, mais tarde, à nossa colônia, na gloriosa condição de um “Completista”

VIII – A Medicina do Futuro

Manassés em (1) explica que:

  • A Medicina Humana será muito diferente no futuro, quando a Ciência puder compreender a extensão e complexidade dos fatores mentais no campo das moléstias do corpo físico. Muito raramente não se encontram as afecções diretamente relacionadas com o psiquismo.
  • Todos os órgãos são subordinados à ascendência moral. As preocupações excessivas com os sintomas patológicos aumentam as enfermidades; as grandes emoções podem curar o corpo ou aniquila-lo.
  • Se isso pode acontecer na esfera de atividades vulgares das lutas físicas, imagine o campo enorme de observações que nos oferece o plano espiritual, para onde se transferem, todos os dias, milhares de almas desencarnadas, em lamentáveis condições de desequilíbrio da mente.
  • O médico do porvir conhecerá semelhantes verdades e não circunscreverá sua ação profissional ao simples fornecimento de indicações técnicas, dirigindo-se, muito mais, nos trabalhos curativos, às providências espirituais, onde o amor cristão represente o maior papel;

Fontes

1 – Missionários da Luz – André Luiz e Chico Xavier, FEB, 1945.

2 – Obreiros da Vida Eterna – André Luiz e Chico Xavier, FEB, 1946.

3 – Boa Nova – Humberto de Campos e Chico Xavier, FEB, 1941.

4 – Nosso Lar – André Luiz e Chico Xavier, FEB, 1944.

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