Jesus e o Programa do Evangelho

Compilação baseada, de modo resumido, nos Cap.4 – A Família Zebedeu, Cap. 5 – Os Discípulos, Cap.8 – Bom Ânimo, Cap.12 – Amor e Renúncia, Cap.15 – Joana de Cusa e Cap.23 – O Servo Bom / Livro: Boa Nova – Humberto de Campos e Chico Xavier – FEB – 1941.

Tema Principal – Jesus Ensinando

I – Introdução

Esclarecendo a uma pergunta de Zebedeu, pai dos Apóstolos Thiago e João, Jesus explica que nasceu para fundar o Reino de Deus nos corações dos homens, o qual é um trabalho árduo e de muito sofrimento, porém irá lhe trazer a paz da consciência e a resignação suprema aos desejos do Todo Poderoso. Não é uma paz que traz a ociosidade ao Espírito e a resignação do vício do sentimento, como usualmente os homens o fazem.

O verdadeiro Discípulo das verdades do céu trabalha para eliminar os erros através das atitudes para o bem sem querer prejudicar o próximo, não importando a quantidade de pessoas, certo de que um dia o Evangelho será conhecido por todos.

A mensagem do Evangelho é excelente para todos, porém nem todos os homens são ainda bons e justos para com ela. Contudo com a eliminação do mal e o cultivo do bem, a Terra será um glorioso campo de batalha, através das criaturas trazidas por Deus à boa estrada. Nos instantes transitórios da dor e da derrota, o homem escutará a voz do Pai: Vem filho meu, estou nos teus sofrimentos com a luz dos meus ensinos.

II – Amor e Renúncia

Ao ser questionado pelo Apóstolo Simão Pedro sobre as afirmações em Mateus 10:37, sobre amar mais aos pais ou aos filhos do que a ele, o Mestre esclarece que as suas palavras significam que os homens
devem decidir, a colocar o Reino de Deus, acima de tudo. A sua palavra não determina que se quebre os elos santificados da vida, mas exalta os que tiverem a verdadeira fé, que coloquem o poder da paternidade de Deus, acima de todas as coisas e de todos os seres da criação infinita, no círculo divino da família universal. O Reino dos Céus no coração deve ser o tema central da vida, sendo que tudo o mais é simples acessório. O Reino dos Céus é o Tabernáculo da vida eterna, e os Discípulos necessitam aprender a partir e a esperar onde as determinações do Pai os conduzam, porque a edificação do Reino dos Céus no coração dos homens deve ser a primeira preocupação, a aspiração mais nobre da alma, constituindo o objetivo central do Espírito.

III – Programa do Evangelho

Em instrução aos Apóstolos, o Divino Mestre estabelece o programa para o Evangelho:

  • Não tomar os caminhos largos, marcados pelos interesses inferiores, mas sim buscar a estrada difícil e estreita dos sacrifícios pelo bem de todos. Agradar a todos é marchar pelo caminho largo, onde estão as mentiras das convenções humanas. Servir a Deus é tarefa que deve estar acima de tudo e, por vezes, nesse serviço divino, é natural que se desagrade aos mesquinhos interesses humanos;
  • Evitar as discussões inúteis e estéreis, que não são aproveitadas na edificação do Reino dos Céus interiormente;
  • Buscar as ovelhas desgarradas da Casa do Pai, que se encontram em aflição e voluntariamente desterradas do seu Divino Amor, reunindo todas que possuem o coração angustiado, dizendo-lhes que é chegado o Reino de Deus, através dele, Jesus;
  • Trabalhar em curar os doentes;
  • Recuperar os que estão mortos nas sombras dos crimes ou das desilusões ingratas do mundo;
  • Esclarecer os Espíritos que se encontram nas trevas (através da Mediunidade);
  • Dar de graça o que de graça receber (Mediunidade);
  • Vestir-se de modo simples, sem adornos luxuosos desnecessários;
  • Não ajuntar o supérfluo, pois o operário é digno do seu próprio salário;
  • Repartir as benções do Evangelho, com todos aqueles que o desejem e sejam dignos destas benções;
  • Ao entrar em uma casa, e se essa merecer as benções da sua dedicação, desça sobre ela a sua paz, caso contrário a mesma retorne ao seu coração;
  • Não sendo escutado ou recebido no nome de Jesus, retirar-se e sacudir o pó dos pés, contudo sem nenhum tipo de rancor e sem contaminação das iniquidades alheias;
  • Possuir a simplicidade das pombas e a prudência das serpentes, acautelando-se dos homens;
  • Prevenir-se dos sentimentos malignos que mergulham o corpo e a alma no inferno da consciência;
  • Nos testemunhos, não se preocupar com o que falar, pois serão inspirados pelas palavras do Evangelho;
  • Trabalhar pelo Reino de Deus, pois acima de tudo está a vontade do Todo Poderoso, e toda a verdade será mostrada e o bem triunfará;
  • Divulgar o Evangelho, colocando-o como objeto das pregações, divulgando-o para todos.

IV – Considerações Adicionais de Jesus ao Programa do Evangelho

Durante a visita a casa de Zaqueu, após ser questionado pelos Apóstolos sobre a excessiva atenção que o Divino Mestre estava dando ao mesmo, Jesus esclarece alguns pontos do Programa do Evangelho:

  • O Evangelho não veio ao mundo para transformar os homens em mendigos ou ociosos;
  • No mundo vivem os que entesouram tesouros na Terra ou nos Céus. Os primeiros escondem suas possibilidades no cofre da ambição, ao passo que os segundos colocam as suas riquezas nos Céus, através de vidas numerosas, constituídas não somente pela parentela direta, mas também através dos auxiliares e empregados, como a continuação da própria família;
  • Os segundos sabem empregar os dons sagrados do depósito de Deus, sendo os seus mordomos fiéis à face do mundo;
  • São bem aventurados os que consagram as suas possibilidades aos movimentos da vida, cientes de que o mundo é um grande necessitado, e que sabem servir, a Deus com as riquezas que lhes foram confiadas.

Esclarecendo ao Apóstolo Bartolomeu, Jesus afirma que veio ao mundo com a certeza da vitória de sua Doutrina, que é o Evangelho ou Boa Nova, pois vem da parte de Deus, cheio de fortaleza e confiança, para proporcionar um grande júbilo a quantos a receberem no coração. O Evangelho deve florescer, primeiramente, na alma das criaturas, antes de frutificar para os espíritos dos povos.

Jesus continuando a sua explicação para o Apóstolo Bartolomeu, afirma que a vida terrestre é uma estrada pedregosa, que conduz aos braços de Deus. O trabalho é a marcha e a luta comum é a caminhada
de cada dia. Na atividade ou no descanso físico, pode-se ter uma boa ação ou uma boa palavra. Contudo, os homens abusam deste ensejo precioso para anteporem a sua vontade imperfeita aos desígnios do
Pai, resultando como consequência as mais ásperas jornadas obrigatórias para a retificação das faltas cometidas e muitas vezes de infrutíferos labores. Em vistas destas razões, os viajores da Terra estão sempre desalentados. Na obcecação de sua própria vontade, ferem a fronte nas pedras da estrada, cerram os ouvidos a realidade espiritual, vendam os olhos com a sombra da rebeldia e passam em lágrimas, em desesperadas imprecações e amargurados gemidos, sem enxergarem as fontes cristalinas de luzes que o Pai colocou em todos os aspectos no seu caminho, visando a sua jornada para o alto.

Terminando as conceituações para Bartolomeu, finaliza dizendo que a verdade não exige e sim transforma. Deste modo a Boa Nova não reclama estados especiais de seus Discípulos, porém exige que sejam portadores da alegria, da coragem e da esperança, e que estas características dever ser traços constantes nas suas atividades do dia a dia. Todo Discípulo do Evangelho deve ser semeador da paz e da alegria.

Ao receber Joana de Cusa, uma das mulheres que sempre acompanharam o Mestre em suas pregações ao redor do Lago de Cafarnaum, que estava tendo sérios problemas familiares, pede-lhe que agradeça a Deus por julgá-la digna de receber o bom trabalho, pedindo-lhe para ter compreensão e carinho com os seus parentes, pois:

  • A maioria das manifestações religiosas no mundo não passam de vícios populares baseados em hábitos exteriores, muitos em Templos de Pedra. Ele, Jesus, vinha trazer o Evangelho para abrir o Templo da Fé Viva no coração dos homens, para se iniciar o combate, sem sangue, da redenção espiritual da humanidade.
  • Finalmente, finaliza para Joana de que Deus não extermina seus filhos e sim os transforma, esclarecendo-os no momento oportuno. O Pai não trava contendas com as suas criaturas e sim trabalha em silêncio em favor delas. O Apostolado do Evangelho é o da colaboração com o Céu, nos grandes princípios da Redenção Humana.

Obs: Jesus conta a Parábola dos Talentos na casa de Zaqueu.

Caso deseje, você também pode baixar este artigo em formato de pdf clicando no botão abaixo: