O Evangelho Segundo o Espiritismo – EE
I – Deixai vir a mim as Criancinhas
Texto retirado de Livros Complementares à Doutrina Espírita
8.1 – Mt 5:8 – EE
Bem-aventurados os que tem o Coração Puro porque verão a Deus
“Bem-aventurados os Puros, porque verão a Deus”.
Estudando a palavra do Mestre Divino, recordemos que no mundo, até hoje, não existiu ninguém quanto Ele, com tanta pureza na própria alma. Cabe-nos, pois, lembrar como Jesus via no caminho da vida, para reconhecermos com segurança que, embora na Terra, sabia encontrar a Presença Divina em todas as situações e em todas as criaturas.
Para muita gente, a manjedoura era lugar desprezível; entretanto, Ele via Deus na humildade com que a Natureza lhe oferecia materno colo e transformou a estrebaria num poema de excelsa beleza.
Para muita gente, Maria de Magdala era mulher sem qualquer valor, pela condição de obsidiada em que se mostrava na vida pública; no entanto, Ele via Deus naquele coração feminino ralado de sofrimento e converteu-a em mensageira da celeste ressurreição.
Para muita gente, Simão Pedro era homem rude e inconstante, indigno de maior consideração; contudo, Ele via Deus no espírito atribulado do pescador semianalfabeto que o povo menosprezava e transmutou-o em paradigma da Fé Cristã, para todos os séculos.
Para muita gente, Judas era negociante de expressão suspeita, capaz de astuciosos ardis em louvor de si mesmo; no entanto, Ele via Deus na alma inquieta do companheiro que os outros menoscabavam e estendeu-lhe braços amigos até ao fim da penosa deserção a que o discípulo distraído se entregou, invigilante.
Para muita gente, Saulo de Tarso era guardião intransigente da Lei Antiga, vaidoso e perverso, na defesa dos próprios caprichos; contudo, Ele via Deus naquele espírito atormentado, e procurou-o pessoalmente, para confiar-lhe embaixada importante.
Se purificares, assim, o coração, identificarás a presença de Deus em toda parte, compreendendo que a esperança do Criador não esmorece em criatura alguma, e perceberás que a maldade e o crime são apenas espinheiro e lama que envolvem o campo da alma, o brilhante divino que virá fatalmente à luz…
E aprendendo e servindo, ajudando e amando passarás, na Terra, por mensagem incessante de amor, ensinando os homens que te rodeiam a converter o charco em berço de pão e a entender que, mesmo nas profundezas do pântano, podem surgir lírios perfumados e puros para exaltar a glória de Deus.
Fonte
Cap.11 – Pureza, Livro “Religião dos Espíritos”.
8.2 – Mc 10:13 a 16 – EE
Apresentaram-lhe então algumas crianças, a fim de que ele as tocasse, e, como seus discípulos afastassem com palavras ásperas os que as apresentavam, Jesus, vendo isso, zangou-se e lhes disse-lhes: “Deixai que venham a mim as criancinhas e não as impeçais, porquanto o Reino dos Céus é para os que se lhes assemelham. Digo-vos, em verdade, que aquele que não receber o Reino de Deus como uma criança, nele não entrará.” E, depois de as abraçar, abençoou-as, impondo-lhes as mãos.
No quadro de renovações imediatas do mundo, problemas angustiosos absorverão naturalmente os sociólogos mais atinados. A civilização enferma requisita recursos salvadores, socorros providenciais, em face do transcendentalismo da atualidade.
Organismo devastado por moléstias indefiníveis, a Sociedade Humana está compelida a examinar detidamente as questões mais dolorosas, tocando-lhes a complexidade e a extensão. Tão logo regresse à paisagem pacífica, reconhecerá a necessidade da reconstrução salutar.
Entretanto, a desilusão e o desânimo serão inevitáveis no círculo dos lutadores. Por onde recomeçar: As experiências amargas terão passado, rumo aos abismos do tempo, substituindo nas almas o anseio justo da concórdia geral, todavia, é razoável ponderar a preocupação torturante a se fazer sentir, em todos os planos do pensamento internacional.
As noções do direito, os ideais de justiça, as garantias da paz, surgirão, à frente das criaturas, solicitando-lhes o concurso devido, para a total extinção das sombras da violência, mas, no exame das providências de ordem geral é imprescindível reconhecer que a reconstrução do planeta é inciativa educacional.
É quase incrível, no entanto, que o problema seja, ainda, de orientação infantil, objetivando-se horizontes novos.
A criança é o futuro. E, com exceção dos Espíritos Missionários, os homens de agora serão as crianças de amanhã, no processo reencarnacionista. O trabalho redentor da Nova Era há de começar na “Alma da Infância Espiritual”, pois caso contrário se divagará nos castelos teóricos da imaginação superexcitada.
É lógico que a legislação será sempre a casa nobre dos princípios que asseguram os direitos do homem, entretanto, os governos não poderiam realizar integralmente a obra renovadora sem a colaboração daqueles que hajam sentido a verdade e o bem com Jesus Cristo.
A crise do mundo não estará solucionada com a simples extinção das guerras. O quadro de serviço presente é campo de tarefas esmagadoras que assombram pela grandeza espiritual. Pede-se a paz com vitória do direito e ninguém contesta a legitimidade de semelhante solicitação. Mas é indispensável organizar o programa do futuro.
A Sociologia abrirá as possibilidades que lhe são próprias, por restituir ao mundo o verdadeiro equilíbrio de sua evolução ascensional. Não nos esqueçamos, porém, de que a Psicologia do “Homem Comum” ainda se enquadra na esfera de análise devida à criança, sob o ponto de Vista Espiritual. É por isto, talvez, que Jesus, por mais de uma vez, deixou escapar o sublime apelo: “Deixai vir a mim os pequeninos”.
Não observamos aqui, tão somente, o símbolo da ternura. O Mestre não demonstrava atitude meramente acidental, junto à paisagem humana, aureolada de sorriso infantis. Aludia, sim, à tarefa bem mais profunda no tempo e no espaço. Sabia Ele que durante séculos a grande questão das criaturas estaria moldada em necessidades educativas de caráter Espiritual. E com muita propriedade o Cristo exclama – “deixai vir a mim” – e não simplesmente – “vinde a mim”. Sua exortação divina atinge a todos os que receberam a Tarefa Educativa de Natureza Espiritual nos quadros evolucionários da Terra, para que não impeçam à mente humana o acesso real às suas fontes de verdades sublimes.
Constituindo a Infância Espiritual a humanidade futura, reconhecemos ao seu lado a região de semeadura proveitosa. E, reconhecendo, Nós encontraremos outra senda de redenção, estranha aos fundamentos de sua Doutrina de Verdade e de Amor. Desse modo, a par do esforço sincero de quantos cooperam pelo ressurgimento da concórdia no mundo, voltemo-nos para as crianças de agora, cônscios de que muitos deles serão a infância do porvir.
Organizemos o Lar que forma o coração e o caráter, e a Escola que iluminará o raciocínio. Estejamos igualmente atentos à verdade de que educar não se resume apenas a providências de abrigo e alimentação do corpo perecível. A Terra, em sí mesma, é asilo de caridade em sua feição material. Governantes e Sacerdotes diversos nunca esqueceram, de todo, a assistência à infância desvalida, mas são sempre raros os que sabem oferecer o abrigo do coração, no sentido de “espiritualidade, renovação interior e trabalho construtivo”.
Em nutrindo as células orgânicas, não olvideis a “Alimentação Espiritual” imprescindível às criaturas. No quadro imenso da transformação em que vossas atividades se localizam, a iniciativa de Educação Espiritual é de importância essencial no equilíbrio e na evolução do mundo.
Cuidemos da criança, assim como de todas as “Crianças Espirituais”, como quem acende claridades no futuro.
Compareçamos, em companhia delas, à “Presença Espiritual do Cristo” e teremos renovado o sentido da existência terrestre, colaborando para que surjam as alegrias do mundo num dia melhor.
Fonte
A Criança é o Futuro, Livro “Coletânea do Além”.
Aqui você confere as primeiras páginas deste artigo, que em breve será publicado completo. Se quiser continuar a leitura, você pode baixar o texto completo em formato de pdf clicando no botão abaixo: