VI – Associações entre o Antigo Egito e o Primevo Cristianismo Copta
- Alguns aspectos foram importantes para que o povo Egípcio adotasse a nova fé trazida pelos Cristãos, pois nem todos eram favoráveis ao culto dos deuses Romanos, pois os Egípcios possuíam uma forte tradição de vida após a morte; possuíam ideias de paraíso e inferno, algo que os Gregos e Romanos compartilhavam também, mas de forma diferente; os Egípcios também acreditavam em Reencarnação e até mesmo possuíam um símbolo que foi associado a cruz cristã, o Ankh;
- Desde as épocas mas antigas do Egito, a crença em uma vida após a morte e na imortalidade da alma, foi difundida entre esse povo. As múmias eram formas de como principalmente os faraós, os sacerdotes e a elite encontraram para preservarem seus corpos para a outra vida. Não obstante, acreditava-se que após ficar algum tempo no Outro Mundo, os Deuses concederiam aos mortais, a possibilidade de Reencarnação, daí também o fato de se preservarem os corpos, já que a alma voltaria a habitar o mesmo corpo físico;
- Não obstante, outra questão que envolve a ideia de Reencarnação está ligada ao Deus Osíris, o qual segundo a tradição religiosa, Osíris foi enganado pelo seu invejoso irmão, o Deus Seth, o qual o assassinou e esquartejou o seu corpo, jogando os pedaços no Nilo e aos quatro ventos. A esposa de Osíris, Ísis, junto com sua irmã Néftis (a qual era esposa de Seth), foram atrás para reunir os pedaços do corpo de Osíris, a fim de ressuscitá-lo. As duas Deusas conseguiram ressuscitar o irmão, entretanto, Osíris partiu para o Mundo dos Mortos, vindo a se tornar juiz desse → Os Elevados Sacerdotes Egípcios criaram a Mitologia, posteriormente copiada pelos Gregos através da conquista do Egito pelo Macedônio Alexandre, o grande;
- A morte e a ressurreição de Osíris foi comparada a morte e a ressurreição do Cristo.
- Nesse aspecto, os Egípcios já estavam familiarizados com a ideia de morte e Reencarnação, logo não acharam estranho Cristo ter ressuscitado. Quanto a Deusa Ísis, essa era considerada como a “Grande Mãe”, e seu culto já havia se espalhado pela Grécia, Roma, Ásia Menor e pela Fenícia. Logo, os Cristãos Egípcios também se valeram dos atributos dessa deusa e a associaram a Virgem Maria, e o filho do casal, o Deus Hórus, foi associado à imagem do Menino Jesus, embora ambos tenham aspectos diferentes: Hórus além de ser o Deus do Céu, e guardião dos faraós, era também o Deus da vingança;
- Quanto ao Ankh (fala-se anak ou anrr), passou a ser chamada pelos Coptas de cruz ansata ou cruz copta. O Ankh de fato lembra uma cruz, e simbolizava na escrita hieroglífica Egípcia a vida após a morte, Reencarnação, vida, imortalidade da alma, etc. Logo, se a cruz cristã personificava a morte de Cristo, seu flagelo para salvar a humanidade, a esperança de salvação nele, etc, foi fácil adaptar esse símbolo a nova religião;
- Desse modo, a experiência religiosa do Egito deve ter colaborado para a propagação de uma outra religião de salvação, como se pode considerar, sob alguns aspectos, o Cristianismo, principalmente por se tratar de um país em que as preocupações com a vida além-túmulo sempre foram um fator preponderante na especulação religiosa. Além do mais, durante alguns séculos existiu no Egito uma Colônia Judaica, cuja presença, já a época de Ptolomeu Filadelfo, fora motivo para a tradução grega do texto da Bíblia, conhecida como “Septuaginta”. Portanto, é provável que, desde muito cedo e em diferentes comunidades, fossem conhecidos no Egito os fundamentos Bíblicos do Cristianismo, o que a princípio deve ter facilitado a difusão da nova religião. Em verdade pouco se conhece do assunto;
- Outros fatores eram a língua e a cultura. Embora o país tenha sido dominado pelos Greco-Macedônicos por quase três séculos, e depois pelos Romanos, ao longo de quase cinco séculos, por incrível que pareça, nem todo mundo falava Grego ou Latim, ou tinha acesso a cultura Helênica e Romana, pois tais culturas era apenas acessadas pelas elites. Logo a massa camponesa, não sabia falar Grego ou Latim, e muito menos ainda sabiam ler → assim, uma forma que foi encontrada para se pregar a nova religião as massas, era se adequar a “língua do povo”, nesse caso o “Copta” foi a solução adotada. Embora no Egito se falasse outras línguas também, o Copta era razoavelmente conhecido em toda a província, mesmo que apenas poucos soubessem escrevê-lo;
- O Cristianismo no Egito, assim como o Gnosticismo e o Maniqueísmo, adotou o Copta na forma de um ou outro dos seus diversos dialetos provinciais ou regionais. Esse fato significa não apenas que os sacerdotes falavam as classes mais humildes da população, aquelas que não tinham acesso a cultura Grega-Romana das classes dominantes, como também que, no domínio da religião, dava-se prioridade a cultura nacional e a população nativa, que praticamente não gozava dos benefícios da Constituição Antoniniana e estava impedida de participar dos novos quadros de cidadãos do Império;
- Assim o Cristianismo Copta como ficaria conhecido no Egito dos primeiros séculos DC, começou a se tornar a “religião do povo”. As pessoas que não gostavam de adorar os Deuses Gregos e Romanos de seus senhores, e que eram excluídos dos direitos de cidadania outorgados pelas constituições de alguns dos imperadores, começaram a enxergar no Cristianismo uma esperança. Nesse caso, a condição de crise que o Império Romano vivenciou ao longo do século III, que afetou profundamente as classes baixas, foi também um dos fatores que levou as pessoas a procurarem este acolhimento, e o Cristianismo desde cedo se mostrou como uma religião que acolhia qualquer indivíduo que passasse a profetizar Cristo como o caminho para Deus, para a salvação e a vida eterna; ao mesmo tempo, as Igrejas e Mosteiros Cristãos eram locais onde se abrigava os desvalidos e aqueles que buscavam ajuda-los, inclusive com trabalhos comunitários → O Cristianismo se apresentava como uma religião acolhedora, solidária e caridosa, algo diferente dos Deuses Greco-Latinos, que eram divindades extravagantes e as ezes perversas (alguns Deuses Egípcios também possuiam essas qualidades);
- Embora carregue o nome “Ortodoxo”, a Igreja Copta não está em comunhão com as Igreja Católicas, Ortodoxas ou Protestantes, sendo uma Igreja independente, apenas compartilhando a Doutrina Cristã com as mesmas.





Fig.6 – Imagem de Jesus e os interiores das Igrejas escavadas em Cavernas

Fig.7 – Detalhamento dos significados da Deusa Ísis

Fig.8 – A esquerda, representação de Ísis amamentando Hórus. Na direita a Virgem Maria e o Menino Jesus. A imagem dos Deuses Egípcios foram associadas a imagem Cristã de Maria e Jesus.

Fig.9 – A morte e a ressurreição de Osíris foi comparada a morte e a ressurreição de Cristo.

Fig.10- O Ankh foi equiparado a simbologia da cruz dos Cristãos.

Fig.11 – Cruz da Igreja Ortodoxa Copta.

Fig.14 – Os Nove Santos, óleo sobre tela, Zeloul Yohannes, 1960.

Fig.15 – Ícone Copta de Jesus Cristo

Fig.16 – Ícone Copta de Nossa Senhora com o Menino Jesus
Pai Nosso em Copta
Pai Nosso que estás nos Céus
Santificado seja o teu nome
Venha a nós o teu Reino
Seja feito a tua vontade, assim na Terra como nos Céus
O pão nosso de cada dia, nos dai hoje
Perdoa as nossas ofensas, assim como perdoamos aqueles que nos perseguem
Livra-nos dos Espíritos Malignos (Trevosos), em nome de Jesus, Nosso Senhor
Não deixes que nos conduzam a tentação, dominem nossos pensamentos e nos aflijam males de quaisquer natureza
Porque teu é o Reino dos Céus, o Poder e a Glória, para sempre.
Amém
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