Mediunidade – Parte III

I – Mediunidade e Fidelidade

Todos destacamos a excelência da mediunidade nas demonstrações da sobrevivência.

Um companheiro apresenta sinais evidentes de força psíquica em exteriorização e reconhecemos nele um instrumento potencial para as manifestações de espiritualidade.

Inclinamo-lo a apassivar-se, diante das inteligências desencarnadas que o cercam e, quase sempre, exortamo-lo a regimes de adestramento físico para que se lhe ajustem as possibilidades orgânicas ao comando das entidades que lhe influenciam a mente.

Bastará, no entanto, apenas isso?

Que dizer de alguém que viesse a fabricar valioso automóvel sem a menor preocupação de preparar um motorista adequado à máquina, com a prática do manejo de suas peças e com todos os conhecimentos da sinalização necessária do trânsito?

Atendamos à mediunidade desenvolvida, mas de que vale o aparelho medianímico sem a orientação daquele que responderá por seu uso?

Assim é que não basta possuir mediunidade ou exercitá-la para corresponder com ela aos desígnios edificantes da Doutrina Espírita.

Necessário saiba o médium que aptidões estabelecem responsabilidades e que responsabilidades honorificadas pelo trabalho construtivo ou menosprezadas por atividade menos digna gera, respectivamente, o auxílio dos poderes que elevam a vida ou a companhia dos agentes que a rebaixam.

O médium, quem quer que seja, é alguém observado e aproveitado pelos espíritos desencarnados com os quais se afina. Daí, não serem suficientes os valores mediúnicos que detém.

Imprescindível se eduque, estudando e raciocinando, melhorando conhecimentos e apurando atitudes, principalmente aceitando em si e por si a felicidade de servir na construção da felicidade dos outros.

Somos defrontados no mundo de hoje por esse problema fundamental no intercâmbio entre encarnados e desencarnados.

Mediunidade é talento comum a todos. Desenvolver a mediunidade exige apenas decisão.

Espíritos instrutores todos os médiuns os possuem.

Entretanto, raros, muito raros, são os médiuns que mostram bastante “Fidelidade” para viver com eles…

II – Mediunidade e Perseverança

Mediunidade pede atenção especial num capítulo: Perseverança.

São muitos os candidatos ao serviço do intercâmbio espiritual que mal começam a iniciação, querem chegar ao fim.

Transmitem a palavra de companheiros desencarnados num dia e admitem a possibilidade de assimilar os ensinamento dos instrutores da Vida Maior em outro.

Ignoram que o medianeiro terrestre está diante dos luminares do Universo, à feição do aprendiz perante o professor.

Certamente, o aluno interpretará o mestre, isso, porém, não se verifica sem que atenda aos preceitos da escola.

Ninguém afirmará que o pupilo das letras primárias não seja estudante e nem se pode sonegar o contato dele com os diretores do estabelecimento de ensino. Contudo, para que exprima o ensinamento dos mentores da instituição, há que satisfazer à vários currículos com o auxílio de autoridades intermediárias e somente à custa de aplicação e tempo conseguirá altura de nível para ombrear com eles.

Por que isso aconteça não significa que o educando deva desistir do aprendizado.

Toda experiência de natureza moral subordina-se a princípios de desenvolvimento qual ocorre na ordem física.

O fruto não aparece no dia da flor.

A casa não se materializa simplesmente porque o projetista haja traçado um esboço perfeito.

Entusiasmo aquece o trabalho mas não substitui o serviço.

Ideal define a obra, sem ser a construção. Tudo o que é alguma coisa exigiu começo.

Faculdades mediúnicas não escapariam leis de nascimento e maturação.

Abandonemos o sentido de pressa nas edificações do espírito.

Toda precipitação é fator predisponente do desastre e findo o acidente é impossível prever as dificuldades do reajuste.

Mantenhamos a constância no estudo e na ação.

Persistência é lealdade à consciência.

O médium evoluirá trabalhando e se elevará servindo. Nada de reclamações nem bravatas.

Tomemos cada qual de nós, os tarefeiros desencarnados e o seareiros do plano material, as obrigações que nos competem sem o intento de exceder a nossa capacidade, mas sem deixar de sermos úteis a pretexto de modéstia.

Estimemos a preparação.

Razoável refletir que em matéria de ministrar revelações das Esferas Superiores aos caminhos humanos, Jesus despendeu trinta anos na Terra para evangelizar aproximadamente por trinta e seis meses e Allan Kardec aprontou-se por mais de meio século para doutrinar num período de pouco mais de dois lustros.

Estudemos a lição.

Fonte

1 – Sol nas Almas, Caps. 67 e 68 – André Luiz e Waldo Veira, Editora Boa Nova, 1964.

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